Título: `Cadê o auditor, o controlador? Nada funcionou¿
Autor: Luiza Damé e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 06/10/2005, O País, p. 10

Ex-assessor de Lula critica fiscalização: `Se eu fosse governante não dormiria tranqüilo com vulnerabilidade do Estado¿

BRASÍLIA. Ex-assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o empresário Oded Grajew criticou ontem no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) o comportamento do governo e dos outros poderes no combate à corrupção. Grajew disse que o Estado brasileiro é vulnerável e que, se fosse governante, não dormiria tranqüilo. O empresário atacou duramente as instituições de fiscalização da aplicação dos recursos públicos e de financiamento das campanhas, citando o Tribunal de Contas da União (TCU), os tribunais de contas estaduais, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os tribunais regionais eleitorais e a Controladoria Geral da União (CGU).

¿ Cadê o auditor? Cadê o controlador? Nada funcionou. Todos falharam. Só a mídia nos deu informações ¿ disse.

O empresário fez sua crítica durante uma discussão com os colegas sobre segurança, na qual ele procurou levar sua argumentação para os recursos públicos:

¿ Se eu fosse governante não dormiria tranqüilo com a vulnerabilidade do Estado. Nenhum alarme funcionou, o cachorro não latiu. Todos tomamos conhecimento depois dos fatos.

Em resposta a Grajew, o ministro das Relações Institucionais e coordenador do conselho, Jaques Wagner, destacou que o governo não interveio na investigação da Polícia Federal. Ele comparou o financiamento ilegal das campanhas à cotação diária do dólar paralelo e até ao jogo do bicho. Para o ministro, embora ilegais, as práticas são admitidas na sociedade:

¿ O problema é tipicamente de financiamento irregular de campanha, que é tratado no Brasil, como o jogo do bicho, o caixa dois, o dólar no paralelo, que a gente publica na primeira página do jornal. A gente vai se habituando a conviver com algumas coisas ¿ afirmou Wagner.