Título: DÓLAR VOLTA A SUBIR E JÁ VALE R$2,268
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 06/10/2005, Economia, p. 25

BC faz novo leilão de compra. Risco-país avança 3,4% e Bolsa cai 3,58%

Pelo terceiro dia consecutivo, o Banco Central (BC) comprou dólares no mercado financeiro. Num dia de correção nos preços dos ativos - após a forte recuperação das últimas semanas - o dólar fechou em alta de 0,31%, cotado a R$2,268; a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) despencou 3,58%, a segunda maior queda no ano; e o risco-Brasil avançou 3,4%, para 365 pontos centesimais, atrás do risco-Argentina, país que declarou moratória há cerca de quatro anos.

Ontem, os bancos tentaram lucrar com a operação de compra de dólares do BC. Às 11h44m, quando o novo leilão foi anunciado, várias instituições ofereceram moeda a R$2,275, acima dos R$2,274 que o dólar valia no momento da operação. O BC, no entanto, acabou comprando a R$2,272, num momento em que o mercado tinha movimento fraco, de apenas US$250 milhões - cerca de um quinto do volume registrado em um dia normal.

Segundo analistas, o mercado acreditava que, como na véspera o BC havia comprado dólares acima do valor de mercado, faria o mesmo ontem. O Banco Central, no entanto, teria recusado todas as ofertas, à exceção do Banco do Brasil. Operadores de câmbio explicaram que a instituição teria pedido um valor inferior ao do mercado. Como apenas uma oferta foi aceita pelo BC, o valor da compra seria muito baixo, em torno de US$10 milhões.

Num dia em que o dólar já iniciou os negócios em alta, a atuação do BC acabou levando a moeda a R$2,278, recuando depois para R$2,268 no fim das operações.

Apesar da alta de ontem, a expectativa é de que o dólar volte a cair a curto prazo, caso o BC não aumente o poder de fogo das atuações no câmbio. Para analistas, o fluxo de dólares de captações externas pode equilibrar as compras do Banco Central. Ontem, o JP Morgan e o HSBC fecharam uma captação de US$350 milhões em títulos com vencimento em sete anos para o Grupo Votorantim. A Gerdau captou US$200 milhões e a Vicunha, US$475 milhões. Há informações de que o Bradesco estaria tentando levantar mais US$100 milhões no mercado.

Risco da Argentina fica mais baixo que o do Brasil

Ontem, o temor dos investidores de uma elevação prolongada dos juros nos EUA fez o risco-Brasil subir 3,4%, acompanhando a piora dos outros países emergentes. Com a alta de ontem, o indicador foi ultrapassado pelo risco-Argentina, que subiu 2,54%, para 363 pontos. No entanto, analistas ainda acreditam que, a médio prazo, o risco-Brasil deve manter-se abaixo do da Argentina.

Na Bolsa, o saldo de investimento estrangeiro ficou positivo em R$1,198 bilhão em setembro. As compras movimentaram R$12,76 bilhões. No ano, o saldo está positivo em R$4,085 bilhões.

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