Título: Lula recebe petistas ameaçados de cassação
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Fonte: O Globo, 07/10/2005, O País, p. 5

Lista de 65 deputados do PT que vão à reunião no Planalto inclui os sete que enfrentam processo por quebra de decoro

BRASÍLIA. Em meio à investigação envolvendo sete deputados petistas acusados de envolvimento no mensalão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe hoje, no Palácio do Planalto, 65 deputados da bancada petista. No grupo estarão os sete parlamentares - José Dirceu (SP), Josias Gomes (BA), Paulo Rocha (PA), professor Luizinho (SP), João Magno (MG), José Mentor (SP) e João Paulo Cunha (SP) - que enfrentam processos por quebra de decoro parlamentar.

Em três anos de governo, será a primeira reunião do trabalho do presidente com a bancada. Lula já adiantou que pretende aproveitar o encontro para cobrar maior empenho na defesa do governo no Congresso.

Além do líder da bancada, Henrique Fontana (RS), mais 12 petistas, escolhidos por sorteio, irão discursar. Eles prometem reforçar as críticas ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que vem controlando os gastos para fazer superávit primário de mais de 5% do PIB, acima da meta de 4,25%.

Lula pretende fazer reuniões semelhantes com as bancadas de outros partidos da base. Desde o início da crise existe um distanciamento entre o presidente e os partidos aliados, inclusive o PT.

- Estamos inaugurando uma nova fase na relação com a bancada. Agora que recuperamos a governabilidade na Câmara, precisamos oxigenar as relações com o governo - afirmou Maurício Rands (PT-PE).

Se os petistas querem mais investimentos públicos, o presidente quer mais ousadia dos parlamentares. Ele tem dito que não se conforma com a falta de combatividade dos petistas. Aceitam, diz Lula, muito docilmente os ataques da oposição. Participarão do encontro os ministros Jaques Wagner (Relações Institucionais), Antonio Palocci (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil).

Lula critica aprovação de mínimo de R$384

Em Belo Horizonte, demonstrando cansaço e com cara de poucos amigos, Lula criticou os parlamentares que aprovaram de forma que chamou de irresponsável o salário-mínimo de R$384 e que só pensam nas eleições de quatro em quatro anos. Lula discursou para prefeitos, políticos e empresários no Palácio da Liberdade, sede do governo de Minas.

- O problema do político brasileiro é que ele só pensa na eleição de quatro em quatro anos. E uma nação tem que ser pensada para 20 ou 30 anos. Quero fazer um chamamento, dos homens que têm influencia na política de Minas Gerais, na indústria, na imprensa: não permitam que o processo eleitoral estrague a oportunidade que este país tem de se transformar em uma grande nação.

Legenda da foto: LULA COM Aécio: "Uma nação tem que ser pensada para 20 ou 30 anos"