Título: Lula pede esforço latino contra a fome no Haiti
Autor: Chico Otavio e Flávia Oliveira
Fonte: O Globo, 05/11/2004, Economia, p. 31

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, ao abrir a XVIII Cúpula Presidencial do Grupo do Rio, que os países latinos devem transformar o Haiti em um exemplo de solidariedade regional. Ao saudar os chefes de Estado que participam do evento, no Rio, o presidente também defendeu a presença de um país em desenvolvimento no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

¿ O Brasil acredita na necessidade de renovação e no fortalecimento do Conselho de Segurança da ONU. A presença de países em desenvolvimento entre seus membros permanentes é fundamental para assegurar a legitimidade dos órgãos dedicados à segurança coletiva ¿ disse.

Boa parte do discurso de Lula foi dedicado aos esforços internacionais contra a fome e a miséria, especialmente no Haiti. Ele lembrou que o Brasil e outros países integram as forças de paz, a pedido das ONU, mas os esforços para recuperar o Haiti exigem medidas além da pacificação dos grupos em luta no país.

¿ A preocupação exclusiva com a manutenção da ordem não será suficiente para sustentar a democracia. Isso já foi tentado anos atrás, sem êxito e sem benefício concreto para a população haitiana. Devemos contribuir para a paz e o fortalecimento da democracia, mas também colaborar com soluções eficazes para a reconstrução do país, com resultados palpáveis para a população ¿ disse Lula.

Cúpula discute criação de mecanismo de financiamento

O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse que um dos objetivos da Cúpula do Rio para enfrentar o problema da pobreza no continente latino é criar uma autoridade regional que possa se encarregar do financiamento de projetos na região.

Garcia disse que viajará hoje para o Haiti, a pedido de Lula. Seu objetivo é ver de perto a situação do país, conversar com o governo, com a oposição, com as tropas das Nações Unidas e com o embaixador Juan Gabriel Valdez, emissário pessoal do secretário-geral da ONU.

¿ Vou levantar a situação e ver que medidas são aconselháveis para reforçar a presença latino-americana na região, não só do ponto de vista militar, mas sobretudo em que medida nós teremos condições de garantir aquilo que é essencial para a paz no Haiti, qual seja, a reconstrução econômica, a reconciliação social e, sobretudo, a reestruturação política do país ¿ afirmou.