Título: VIÚVA DE ALBERY PODE PERDER PENSÃO
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Fonte: O Globo, 07/10/2005, O País, p. 10

Ministro pediu a revisão do processo do ex-sargento da PM gaúcha

BRASÍLIA. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, determinou ontem que a Comissão de Anistia reabra o processo de indenização da viúva de Albery Vieira dos Santos, ex-sargento da Polícia Militar do Rio Grande do Sul e ex-guerrilheiro da Vanguarda Popular Revolucionária. O ministro pediu a revisão da recompensa de R$419,5 mil e mais uma pensão mensal de R$7,3 mil.

A decisão foi tomada depois que O GLOBO publicou a informação de que Albery atuou como agente duplo da repressão e ajudou a preparar a emboscada que resultou na captura e execução de seis integrantes da VPR, entre eles Onofre Pinto, o comandante da organização.

- Se a denúncia ficar comprovada, será desfeito o ato que o anistiou - afirmou o advogado Marcelo Lavenãre, presidente da Comissão de Anistia.

Lavenãre pedirá informações adicionais sobre Albery. Suzana Lisboa, ex-integrante da comissão de parentes de mortos e desparecidos políticos, e Nilmário Miranda, ex-secretário de Direitos Humanos, criticaram a indenização. Segundo eles, Albery foi da VPR, mas em 1973 passou a colaborar com a repressão aos militantes de esquerda.

As acusações foram reforçados por Aloizio Palmar, ex-integrante da VPR, que no fim do mês lança o livro "Onde enterraram nossos mortos", sobre a emboscada que levou à morte Onofre e mais cinco integrantes da VPR. No livro, Palmar conta que, após passar quase uma década na prisão, Albery mudou de lado e participou da repatriação e, depois, execução do grupo de Onofre Pinto, que estava exilado em Buenos Aires.