Título: BANCÁRIOS DECIDEM MANTER GREVE
Autor: Vagner Ricardo
Fonte: O Globo, 07/10/2005, Economia, p. 25

Primeiro dia teve filas em agências do Rio. Em SP, houve confronto com a PM

No primeiro dia de greve geral dos bancários, muitas agências abriram as portas ontem no país amparadas por liminares da Justiça, como as de Bradesco e Unibanco. Mesmo assim, muitos correntistas tiveram de enfrentar longas filas ou dificuldades para sacar dinheiro ou fazer depósitos nos caixas eletrônicos de instituições que permaneceram fechadas. Segundo a Confederação Nacional dos Bancários (CNB), cem mil bancários, do total de 400 mil, cruzaram os braços no país. A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) afirma que 761 agências, em um total de 17.500 unidades no país, ficaram fechadas ontem.

Em assembléias ontem à noite, os bancários aprovaram a manutenção da greve, em protesto contra a proposta de reajuste salarial da Fenaban. Os banqueiros oferecem aumento de 4%, enquanto os trabalhadores reivindicam 11,77% e maior participação nos lucros e resultados. A Fenaban informou que continua aguardando uma nova contraproposta dos bancários e descartou o reajuste exigido pela categoria.

Aderiram ao movimento ontem 20 estados, segundo a CNB. De acordo com a Fenaban, a paralisação foi mais abrangente no Rio e em São Paulo. Das 761 agências fechadas, 212 eram do Rio, onde há 1.600 estabelecimentos, e, em São Paulo, 225 de um total de 5.600.

Em algumas agências da Caixa Econômica Federal no Rio os terminais eletrônicos não faziam todas as operações, irritando os usuários. Foi o caso do gerente de vendas José Braga. Até as 15h, ele já havia percorrido quatro agências da Caixa entre o Centro e a Zona Sul para pagar seu plano de previdência em terminais eletrônicos, mas não conseguiu.

No Itaú, onde apenas o serviço de auto-atendimento funcionava, a corretora de imóveis Maria de Fátima Batista esperava, irritada, a vez numa longa fila. Na Zona Norte, a maioria dos bancos abriu.

Houve confronto entre a Polícia Militar e manifestantes em São Paulo, Assis, Araraquara, Vitória da Conquista (BA) e Curitiba (PR). No Centro da capital paulista, em uma agência do Bradesco, manifestantes foram agredidos com cassetetes por policiais, para retirar os trabalhadores da agência. O funcionário e sindicalista Marcos do Amaral foi preso e liberado logo em seguida.

Funcionários do BNDES param

Cerca de dois mil funcionários do BNDES - 1.900 deles no Rio - cruzaram os braços ontem, numa paralisação que durou 24 horas. Os trabalhadores reivindicam principalmente um abono de 2,5 salários. O banco propôs um abono imediato de 0,5 salário, que não foi aceito na assembléia realizada na última terça-feira, no Centro do Rio.

Estão marcadas para hoje novas rodadas de negociações entre a direção do BNDES e os representantes das três associações de funcionários da instituição.

Segundo comunicado interno distribuído pelo banco na noite da última quarta-feira, já foram realizadas seis reuniões de negociação. No documento, a administração também lamentou a paralisação de ontem.

Legenda da foto: LONGA ESPERA em caixa eletrônico de agência do Centro do Rio