Título: Papa defende esforço por democracia no Iraque
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Fonte: O Globo, 05/11/2004, O mundo, p. 37

O Papa João Paulo II recebeu ontem o primeiro-ministro do governo interino do Iraque, Iyad Allawi, e disse-lhe que espera que um país democrático e multiétnico surja ¿do trágico sofrimento dos últimos anos¿. O Papa, que criticou publicamente a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, afirmou estar rezando por ¿todas as vítimas do terrorismo e da violência arbitrária¿, assim como por aqueles que ¿generosamente estão trabalhando¿ pela reconstrução do país:

¿ Quero encorajar os esforços do povo iraquiano em estabelecer instituições que sejam plenamente representativas e dedicadas a defender o direito de todos, respeitando as diversidades religiosas e étnicas, que sempre foram a riqueza de seu país ¿ disse o Pontífice, que conversou durante dez minutos com Allawi em sua biblioteca particular no Vaticano.

O líder iraquiano pediu aos governos europeus que deixem para trás as divergências sobre a invasão americana no Iraque e ajudem o país em seus esforços para a reconstrução:

¿ Aos países que até agora foram espectadores, eu peço que nos ajudem a criar um Iraque melhor para o futuro.

Violência faz Médicos Sem Fronteiras saírem do Iraque

Allawi vai se encontrar hoje com os 25 chefes de Estado da União Européia (UE), que prometeu aumentar em 16,5 milhões (quase R$ 60 milhões) seu orçamento para apoiar a realização das eleições presidenciais no Iraque, previstas para o final de janeiro.

Com o recrudescimento da violência no Iraque, a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) decidiu sair do país.

¿ Se tornou impossível para a MSF garantir um nível aceitável de segurança para seus profissionais, sejam eles estrangeiros ou iraquianos ¿ explicou Gorik Ooms, diretor geral da organização na Bélgica.

Ontem, três soldados britânicos morreram numa emboscada nos arredores de Bagdá, numa região violenta para a qual foram deslocados recentemente, em meio às críticas da opinião pública da Grã-Bretanha. Perto da capital, um carro-bomba matou quatro pessoas e deixou 15 feridas.

Em Faluja, cidade que é um reduto de insurgentes, cinco civis morreram na sétima noite seguida de bombardeios aéreos americanos. Passadas as eleições nos EUA, espera-se para os próximos dias uma grande ofensiva em Faluja.