Título: BERZOINI: LEGENDA MESMO COM RENÚNCIA
Autor: Ilimar Franco/Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 08/10/2005, O País, p. 5

Já Raul Pont, adversário do candidato do Campo Majoritário, discorda

SÃO PAULO. O futuro dos parlamentares petistas ameaçados de cassação foi o principal tema do debate entre os candidatos à presidência do PT Ricardo Berzoini e Raul Pont, promovido ontem pela rádio CBN. Pont, da corrente radical Democracia Socialista, rejeitou a possibilidade de acordo e disse ser contra a concessão de legenda aos deputados que renunciarem para escapar da cassação. Berzoini, do Campo Majoritário, corrente à qual pertencem os ameaçados, disse que é preciso analisar caso a caso, mas não descartou a possibilidade de dar legenda aos deputados que admitiram publicamente terem usado dinheiro do publicitário Marcos Valério para fazer caixa dois de campanhas eleitorais.

- Vamos aguardar o comportamento político do conjunto do Parlamento para nos posicionar. Não teremos uma posição genérica para evitar injustiças. Queremos ver um processo na Câmara de forma isenta, não só para os petistas, mas para todos. Se o processo não tiver absoluta lisura não creio que as pessoas sejam obrigadas a se submeter a cassações políticas sem provas. Não podemos ter linchamentos - disse Berzoini.

Perguntado sobre os acusados de caixa dois, respondeu:

- Vamos analisar caso a caso.

Segundo ele, a renúncia pode ser um instrumento de defesa pessoal de petistas contra perseguições políticas de partidos de oposição.

- Temos deputados questionando a maneira como a Corregedoria e o Conselho de Ética vêm agindo. Conversei com deputados que disseram da disposição de não renunciar, mas eles estão preocupados com a falta de critérios claros em relação às punições e à falta de método claro de investigação - disse Berzoini.

Pont foi enfático ao dizer que é contrário ao partido dar legenda aos deputados que renunciarem. Defendeu a abertura de comissão de ética interna para todos os acusados e incluiu o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, no rol de políticos acusados de irregularidades.

- O próprio Meirelles, por conta dos quatro processos que responde no STF, deveria se afastar até o término das apurações, para garantir a lisura - afirmou Pont.

Ele acusou o Campo Majoritário de impedir a apuração interna das denúncias, criando obstáculos para as investigações. Berzoini rebateu dizendo que candidatos da DS nos estados foram antiéticos ao atacar os integrantes do Campo Majoritário acusados durante o Processo de Eleições Diretas.

- Setores da minoria agem como se estivessem fazendo disputa para fora (do partido) - afirmou.

Pont também rebateu:

- Isso não é antiético. Estamos falando de coisas que aconteceram nesta sala, neste espaço, em que pessoas quebraram todo tipo de relação de confiança, de companheirismo. Alguns inclusive são réus confessos.

O segundo turno da eleição petista é amanhã. Além da presidência nacional, estarão em jogo as presidências de 8 diretórios estaduais, 88 municipais e 19 zonais onde a eleição não foi decidida no primeiro turno, realizado em setembro.

Legenda da foto: BERZOINI NO debate: situação dos cassáveis será analisada caso a caso