Título: FMI DIZ QUE HÁ ESPAÇO PARA REDUÇÃO DA TAXA BÁSICA DE JUROS NO BRASIL
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 08/10/2005, Economia, p. 28

Segundo o chefe da missão do Fundo no país, inflação está sob controle

BRASÍLIA. O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) no país, Charles Collyns, disse ontem que o Banco Central (BC) tem espaço para reduzir os juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) - daqui a pouco mais de dez dias. A inflação, destacou Collyns, está sob controle e convergindo para a meta, que é de 5,1% para 2005. Segundo ele, o BC já demonstrou aos mercados sua determinação de manter baixo o índice de preços, o que teria criado condições para uma trajetória de queda na taxa básica de juros, a Selic.

- Acho que agora há espaço para que o BC comece a reduzir os juros. A inflação está sob controle e convergindo para os objetivos - afirmou Collyns, depois de se encontrar com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e os secretários do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, e de Assuntos Internacionais, Luiz Pereira.

Fundo defende que governo não intervenha no câmbio

Collyns fez elogios à política econômica do país, ao sistema cambial adotado e ao combate à inflação, e respaldou o discurso feito na quinta-feira por Palocci, que defendeu a não-interferência do governo no mercado de dólar. O chefe da missão do FMI diz considerar apropriada a manutenção do câmbio flutuante. Collyns achou correta a estratégia de aproveitar a queda na cotação do dólar para recompor as reservas cambiais.

- As exportações brasileiras continuam muito fortes. É apropriado que o governo continue perseguindo sua política de câmbio flexível, enquanto aproveita a oportunidade para recompor reservas - afirmou o chefe da missão do FMI.

Collyns disse também que tratou com a equipe econômica de temas relativos à política fiscal, como a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a proposta de Orçamento para 2006. Collyns adiantou que, ao retornar a Washington, a missão do Fundo fará relatórios sobre a economia brasileira, e que eles deverão conter uma avaliação favorável ao Brasil. Os documentos serão apresentados à diretoria do FMI no início de dezembro.

Esta foi a primeira visita dos técnicos do FMI após o fim do acordo do governo com a instituição, em março passado. O Brasil continuará a receber duas vezes por ano as missões do Fundo porque mantém um volume de empréstimos acima de sua cota na instituição. O governo brasileiro teria direito a sacar até US$4,4 bilhões no Fundo, mas ainda tem US$15,5 bilhões a serem quitados.

Legenda da foto: COLLYNS, DO FMI, reuniu-se ontem com o ministro Antonio Palocci