Título: GAY PODERÁ SER PADRE SE RESPEITAR CELIBATO
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Fonte: O Globo, 08/10/2005, O Mundo, p. 37

Candidato teria que provar 3 anos de abstinência, segundo documento revelado por vaticanista

CIDADE DO VATICANO. Um novo documento do Vaticano sobre homossexualismo e sacerdócio a ser lançado em breve afirma que homens que demonstram tendências homossexuais não podem ser clérigos. Mas ao contrário do que se especulou semanas atrás, a proibição não seria total. Seriam aceitos os que provassem que viveram em castidade por pelo menos três anos, informou a imprensa italiana.

A reportagem do respeitado correspondente do jornal "Corriere della Sera" no Vaticano Luigi Accattoli cita fontes que tiveram acesso ao documento da Congregação para a Educação Católica da Santa Sé. Segundo elas, homens que manifestam publicamente sua homossexualidade e os que revelam uma atração pela cultura gay, mesmo que apenas intelectualmente, não deveriam ser admitidos no sacerdócio.

De acordo com o jornal e a revista "Panorama", o Papa Bento XVI já aprovou o documento de 16 páginas, que deve ser divulgado no início de novembro.

Possibilidade de proibição total repercutiu nos EUA

Numerosos documentos e cartas do Vaticano nos últimos anos defendiam que homens com tendências homossexuais não deveriam ser ordenados mesmo que permanecessem em celibato.

No mês passado, a imprensa americana informou que um novo documento tratando um dos pontos mais sensíveis para a Igreja Católica proibiria a ordenação de todos os homossexuais, mesmo dos celibatários. A informação causou preocupação em muitos setores de que bons clérigos fossem atingidos. Pelas regras da Santa Sé, todos os sacerdotes devem respeitar o celibato.

Segundo "Panorama", a divulgação do documento será acompanhada por uma explanação por escrito de "um psicólogo internacionalmente conhecido".

Outra polêmica surgiu ontem, durante o sínodo dos bispos, em Roma, quando o cardeal Alfonso Lopez Trujillo, presidente do Conselho Pontifício para a Família, disse que políticos que apóiam o direito ao aborto e o casamento homossexual não deveriam comungar. Lopez Trujillo disse que já é ruim quando políticos católicos defendem o divórcio, mas que é muito pior quando defendem os direitos de casais homossexuais.

Num discurso divulgado pelo Vaticano, o cardeal classificou os casamentos gays e a autorização para que adotem crianças como "farsas legais".

- Devemos permitir àqueles que negam os valores cristãos e humanos receber a comunhão? A responsabilidade dos políticos é grande. Eles não podem separar posições pessoais de deveres sociopolíticos - disse o cardeal.

Legenda da foto: "AMOR LIVRE no Estado livre" diz a faixa usada num protesto em Siena, Itália. Um cardeal condenou ontem políticos que apóiam o casamento gay