Título: 'ACHEI AQUILO ALTAMENTE INOPORTUNO'
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 10/10/2005, O País, p. 4

Assessor de Lula confirma encontro com empresários e irmão de Lula

BRASÍLIA. O assessor especial da Presidência César Alvarez confirmou ontem que se encontrou no Palácio do Planalto com Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas negou ter encaminhado no governo um pedido de integrantes da Federação Brasileira de Hospitais que acompanhavam o irmão do presidente.

Alvarez disse que ficou surpreso com o fato de Vavá estar com aquelas pessoas e que se recusou a recebê-las em audiência formal. Ele contou que chegou a se irritar e ser ríspido com o advogado dos empresários e que informou o caso ao presidente.

- Recebi Vavá como recebo qualquer cidadão brasileiro. Fui surpreendido pelo fato de aquelas pessoas estarem acompanhando o Vavá. Eu não caracterizaria isso como uma reunião rápida. Disse a eles que era um assunto deles com o Ministério da Saúde e que não tinham por que tratar comigo. Achei aquilo altamente inoportuno e, inclusive, fui ríspido com o advogado - disse Alvarez.

Segundo reportagem da revista "Veja" deste fim de semana, Vavá tem um escritório em São Bernardo do Campo que intermediaria interesses de empresários junto a órgãos do governo.

PFL quer convocar irmão de Lula para depor em CPI

No caso da Federação Brasileira de Hospitais, a entidade tem uma dívida de R$580 milhões a receber da União e quer que o governo acelere o pagamento, já garantido na Justiça.

Amigo de Lula, Alvarez disse que conhece Vavá há anos:

- Vavá é uma figura muito simples e muito bondosa.

Os integrantes do PFL na CPI dos Correios vão apresentar esta semana requerimento para convocar Genival Inácio da Silva. A comissão quer saber se o irmão do presidente praticou tráfico de influência ao intermediar encontros de empresários com autoridades do governo. Caso a oposição não consiga aprovar o requerimento, a estratégia será levá-lo à CPI dos Bingos, em que o governo é minoria.

Segundo o senador José Agripino Maia (PFL-RN), a atuação do partido no caso será discutida em reunião de líderes, até para obter o apoio dos colegas da oposição. O senador argumenta que nada pode ficar sem apuração.

- É responsabilidade nossa apurar para evitar que prossiga a escalada de delitos pela falta de punição. Esse caso é fruto da impunidade do episódio Waldomiro Diniz - avaliou o senador.

O deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) também quer convocar os empresários que procuraram Vavá. Já o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), considera que o caso de Vavá não é assunto para uma CPI, mas para a Comissão de Fiscalização e Controle da Casa. Mas Virgílio ressalva que não será contra sua convocação, caso seja proposta pelos partidos de oposição.

- Não podemos entulhar as CPIs com todos os fatos que aparecem. Creio que a Comissão de Fiscalização e Controle é o órgão a ser usado em primeira instância - argumenta.

*COLABOROU Lydia Medeiros

Legenda da foto: GENIVAL INÁCIO, o Vavá, levou credores da União ao Planalto