Título: COM QUEDA DA BOLSA, INVESTIDORES PODEM COMPRAR AÇÕES MAIS BARATAS
Autor: Vagner Ricardo
Fonte: O Globo, 10/10/2005, Economia, p. 16

Especialistas do mercado mantêm projeção de ganhos até o fim do ano

A forte queda da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) - de 5,1% na semana passada- tornou-se a chance para os investidores que têm plano de comprar ações, mas estavam à espera de preços menores. Segundo especialistas, depois de uma seqüência de altas entre setembro e o início deste mês, que resultou no recorde de 31.856 pontos da Bolsa no último dia 3, os valores das principais ações caíram bastante na semana passada.

As ações preferenciais da Petrobras recuaram 11,08% e as da Vale, 10,61%, por exemplo, porque os investidores decidiram embolsar parte dos ganhos recentes. Contudo, este movimento de venda é considerado normal. Os especialistas dizem que o investimento em bolsa ainda é muito favorável até o fim do ano, tendo em vista os bons fundamentos macroeconômicos. E com a baixa este mês, a avaliação é que a perspectiva de ganhos aumenta para quem fizer a estréia logo.

Investidores estrangeiros ditam o ritmo da Bolsa

As apostas são de que a Bolsa pode chegar aos 35 mil pontos até o fim do ano, persistindo as atuais condições. Considerando-se o fechamento do Ibovespa, o principal índice, na última sexta-feira, a valorização pode atingir 17%.

O vaivém da Bolsa continua a ser comandado pelos investidores estrangeiros e, por ora, eles têm orientação dos bancos de investimento de permanecer no país. É uma boa notícia, porque garante liquidez ao mercado e perspectiva de alta.

- A hora é de aproveitar que os preços ficaram mais baratos, com a correção técnica comum após uma temporada de alta forte, e adquirir ações - diz Emanuel Pereira da Silva, sócio da GAP Asset Management.

Ele classifica a compra de ações como um investimento de excelente retorno a médio prazo. Entre os papéis, destaca siderúrgicas como Gerdau, a mineradora Vale do Rio Doce, Petrobras e ações de bancos, como Itaú, Bradesco e Unibanco.

Ricardo Magalhães, gestor de renda variável da Mellon Global Investments, faz coro, afirmando que o cenário econômico que se desenha, combinando queda de juros e aumento da oferta de crédito, é promissor para um bom número de empresas. Sua relação inclui Vale, Caemi e Bradespar. Ou ainda Alpargatas, Lojas Americanas e Submarino no setor de consumo.

O analista Alexandre Carneiro, da Adinvest Consultoria, destaca que, até agora, as principais empresas que impulsionaram o Ibovespa foram basicamente as de mineração e a Petrobras. Também as ações de bancos subiram fortemente, devido ao boom de crédito para pessoas físicas, associado à elevação da Taxa Selic durante grande parte do ano, o que produziu lucros elevados para as instituições.

É a vez de empresas de serviços, diz analista

Porém, do início da semana passada para cá houve uma reviravolta no cenário internacional, com aumento da inflação nos EUA e possibilidade de arrocho na política monetária na maior economia do mundo -- e Carneiro acredita que outros setores passarão a ser olhados pelos investidores:

- Depois de uma expressiva valorização acumulada em 24 meses pelos setores tradicionais ligados a commodities, mineração, siderurgia, petroquímica e petróleo, agora será a vez das empresas de serviços, sobretudo as de energia elétrica ou mesmo Embratel e Net. Também as empresas voltadas para o segmento de consumo podem ter forte reação.

Magalhães não crê que a curto prazo algum problema enfrentado pelos EUA ofusquem o desempenho do setor de mineração. Para ele, apesar da flutuação apresentada pelas ações - sobem mais fortemente no momento de otimismo e caem mais acentuadamente nos movimentos de baixa - o forte crescimento da economia da China ainda é uma salvaguarda para o bom desempenho do setor. No caso das mineradoras, a tendência é de valorização, já que a temporada de início de reajuste do minério de ferro começa em novembro e termina em maio.

INCLUI QUADRO: SAIBA MAIS SOBRE O MERCADO [COMPARE A RENTABILIDADE DOS PRINCIPAIS ÍNDICES DA BOLSA]