Título: Dois petistas e um peemedebista podem renunciar para evitar cassação
Autor: Maria Lima/Evandro Éboli/Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 11/10/2005, O País, p. 4

Parlamentares temem efeito dominó se um deles abrir mão do mandato

BRASÍLIA. Às vésperas de a Mesa da Câmara decidir sobre o envio do processo por quebra de decoro, a maioria dos 13 deputados passíveis de processo diz que não pretende renunciar ao mandato para preservar os direitos políticos. Consultados ontem pelo GLOBO, apenas três deixaram a porta aberta para renunciar: o ex-líder do PT Paulo Rocha (PA), o ex-líder do PMDB José Borba (PR) e o presidente da CPI do Banestado, José Mentor (PT-SP).

O presidente do PP, Pedro Correia (PE), o líder do PP, José Janene (PR), o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP), o ex-líder do governo na Câmara Professor Luizinho (PT-SP), além de Pedro Henry (PP-MT), Vadão Gomes (PP-SP), Bispo Wanderval (PL-SP), Josias Gomes (PL-BA), João Magno (PT-MG) e Roberto Brant (PFL-MG) dizem que não renunciam.

Mesmo assim, muitos parlamentares avaliam que a renúncia de apenas um pode causar um efeito dominó. No governo, que acredita que a renúncia dos petistas esvaziaria a crise, avalia-se que está prevalecendo a posição do ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, de que são maiores as chances de absolvição se todos enfrentarem o processo.

Os seis cassáveis do PT, reunidos ontem à tarde, vão aguardar a reunião da Mesa para decidir sobre a renúncia. Mas Rocha e Mentor informaram que dificilmente enfrentariam o processo no Conselho de Ética. Rocha disse que os petistas do Pará apóiam a decisão que ele tomar, inclusive de renunciar. Ele desabafou dizendo que a direção do PT decidiu isolá-los e que não há uma estratégia de partido para defendê-los:

- Sem o partido é muito difícil. Nossa defesa é obrigação do partido e da bancada. Fui lá buscar dinheiro para o PT. O partido deveria ter uma estratégia e não tem. É muito duro.

Para líder, é uma questão pessoal

A reclamação não encontra eco no PT. O líder Henrique Fontana (RS) considera que essa não é uma questão de partido:

- Este é um momento decisivo, uma decisão pessoal que não tem a ver com o partido.

Os petistas se apegam na atuação do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e do quarto-secretário, João Caldas (PL-AL), que, avaliam, podem ajudar. Luizinho acredita que pode escapar.

- Não renuncio e nem mudo de idéia. Sou inocente e estou tranqüilo. Minha base acredita que sou inocente e não quer que eu renuncie. Espero que a Mesa decida o que deve e o que não deve ser arquivado. Individualizar só não basta - protestou Luizinho.

Mentor, que se reuniu com Aldo antes de ir para a reunião com os petistas, disse que vive uma situação de muita indecisão. Ele diz que sua base entende que há muita contradição no processo, pois apesar de ter provado que não praticou caixa dois nem se beneficiou do mensalão, pode ser julgado politicamente:

- Não sei o que fazer! Está tudo muito confuso! Não sei qual é acusação. Vou esperar a decisão da Mesa. Minha base acredita que há um julgamento político, que independe das provas que apresentei.

Os deputados do PP garantiram que não abririam mão de garantir seus direitos políticos e disputar as eleições do ano que vem.

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