Título: DÓLAR FECHA EM QUEDA APESAR DE LEILÃO
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 11/10/2005, Economia, p. 22

BC faz quinta atuação no mercado, mas moeda cai 0,40%, para R$2,239

RIO e BRASÍLIA. O Banco Central (BC) fez ontem o quinto leilão de compra de dólares no mercado financeiro. Apesar da nova investida, a moeda americana fechou os negócios em queda de 0,40%, cotada a R$2,239 para venda. No fim da manhã, o BC comprou dólares a R$2,238 - mesma cotação praticada no mercado no momento - num dia de poucos negócios devido ao feriado do Dia de Colombo nos Estados Unidos. Segundo operadores, o BC teria aceitado 25 ofertas e comprado algo entre US$25 milhões e US$35 milhões.

A exemplo do câmbio, o mercado financeiro brasileiro teve ontem um dia tranqüilo, com investidores atentos ao petróleo em queda e ao novo recorde da balança comercial brasileira. Após cair mais de 5% na semana passada, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu ontem 1,02%, recuperando parte das perdas. Com a alta de ontem, o índice Ibovespa - que reúne as ações mais negociadas da Bolsa - voltou ao patamar de 30 mil pontos e encerrou aos 30.277 pontos. Com o feriado nos EUA, não houve negócios com os títulos da dívida externa brasileira e, portanto, também não houve cálculo do risco-Brasil (que usa como referência os juros dos papéis do país).

As projeções de juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) apresentaram ligeira queda: nos contratos mais negociados, com vencimento em janeiro de 2007, as taxas projetadas recuaram de 17,74% para 17,72% ao ano.

Os analistas de mercado mantiveram praticamente inalterada a projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2005, que oscilou de 5,21% para 5,22%. Assim, a inflação projetada para este ano continua bem próxima da meta oficial de 5,1% do governo. Para 2006, a previsão é um IPCA de 4,6%, pouco acima da meta central de 4,5%, segundo a última pesquisa semanal Focus do Banco Central, divulgada ontem.

Os cálculos levam em consideração o dólar cotado a R$2,35 no fim de 2005 e a R$2,56 em dezembro do ano que vem. O crescimento esperado para o Produto Interno Bruto (PIB) está em 3,3% neste ano e 3,5% em 2006. Um dos indicadores mais positivos é a balança comercial, cujo superávit deverá alcançar US$41,54 bilhões em 2005 e US$35 bilhões no próximo ano. Os analistas de mercado calculam em US$16 bilhões o ingresso de investimentos estrangeiros diretos em 2005 e em US$15,95 bilhões o projetados para 2006.

Vale atinge grau de investimento pela S&P

Ontem, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) informou ter recebido nota de crédito corporativo "BBB" pela agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P). Segundo a empresa, a classificação corresponde ao grau de investimento, que é o mais elevado nível na escala de risco e representa investimento de baixíssimo risco. De acordo com a Vale, é a primeira vez que a S&P concede a uma empresa brasileira uma classificação de risco superior à do risco do governo.