Título: BANQUEIROS RECUAM E APRESENTAM NOVA PROPOSTA A BANCÁRIOS GREVISTAS
Autor: Vagner Ricardo
Fonte: O Globo, 11/10/2005, Economia, p. 27

Patrões elevam reajuste de 4% para 6% e abono de mil reais para R$1.700

A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) recuou e apresentou uma nova proposta salarial para tentar encerrar a greve nacional dos bancários, que completou ontem o terceiro dia. Os banqueiros elevaram de 4% para 6% o reajuste salarial da categoria, o abono de mil reais para R$1.700 e a parcela fixa da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de R$705 para R$800. Também os benefícios indiretos, como cesta básica e auxílio-creche, terão reajuste de 6%. A proposta da Fenaban será avaliada pelos sindicatos em assembléias promovidas hoje. Desde o início da greve, a entidade patronal vinha afirmando que não faria nova proposta e que aguardaria os bancários apresentarem novas condições.

A Confederação Nacional dos Bancários (CNB) informou que a abrangência da greve foi ampliada com a adesão ontem dos trabalhadores de Roraima. Com isso, subiu para 23 o número de estados que enfrentam a paralisação dos bancos, segundo a entidade. Em São Paulo e no Mato Grosso do Sul, o juiz Pedro Paulo Teixeira Manus, vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT), determinou a presença nas agências de pelo menos 70% dos trabalhadores. No caso dos centros administrativos e tecnológicos, o comparecimento terá de ser integral.

No Rio, os bancários promoveram às 16h uma passeata pelas ruas do Centro. A caminhada reuniu cerca de 600 trabalhadores e foi encerrada em frente ao Tribunal de Justiça do Rio. Diante do Fórum, os trabalhadores protestaram contra a concessão de liminares determinando a abertura das agências bancárias. Depois da passeata, os bancários aprovaram a continuidade da paralisação no Rio por mais um dia.

O presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, Vinícius de Assumpção, afirmou que essas liminares têm prejudicado a paralisação e aumentado a repressão policial. Segundo ele, a adesão ficou um pouco abaixo de 70% da categoria, em virtude das ações os interditos proibitórios.

Já a greve dos funcionários do Banco Central (BC) completa hoje 22 dias, o que a torna a maior da história da instituição, segundo o Sindicato Nacional dos Funcionários do BC. Hoje os funcionários fazem um abraço simbólico à sede de Brasília e, à tarde, um grupo de servidores reúne-se com o presidente do BC, Henrique Meirelles. Eles pedem reajuste linear de 6,82%, retroativo a setembro, e reposição salarial de 15%, em janeiro de 2006.

Legenda da foto: MANIFESTAÇÃO DE bancários no Centro do Rio: protesto contra liminares determinando a abertura de agências