Título: Petistas ameaçados se dividem; ex-líder do PMDB avisa que vai renunciar
Autor: Maria Lima, Isabel Braga e Evandreo Éboli
Fonte: O Globo, 12/10/2005, O País, p. 3
João Paulo: `Vou recorrer na Mesa e na Justiça se meus direitos forem violados¿
BRASÍLIA. Abalados com a decisão da Mesa da Câmara de mandar os 13 processos de cassação para o Conselho de Ética, cinco deputados do PT acusados de envolvimento no mensalão foram à Churrascaria Porcão, símbolo de uma era que o partido quer esquecer, para discutir o futuro: renunciar ou enfrentar o processo de cassação? Os petistas terminaram o dia divididos. Já o ex-líder do PMDB José Borba (PR) avisou ao partido que deverá renunciar amanhã.
Na mesa do Porcão estavam João Paulo Cunha (PT-SP), Paulo Rocha (PT-PA), Professor Luizinho (PT-SP), Josias Gomes (PT-BA) e José Mentor (PT-SP). O único ausente do grupo de cassáveis foi João Magno (PT-MG), que reafirmou que vai enfrentar o julgamento do plenário. O que mais resistiu à idéia de renunciar foi Luizinho, enquanto Paulo Rocha dizia que já recebeu aval de correligionários para não responder ao processo e preservar seus direitos políticos. Mentor e Josias Gomes estavam em dúvida.
¿ Não tive direito de defesa. Consultei a base no Pará.Todos defendem a renúncia. Segunda-feira anuncio a decisão ¿ avisou Rocha.
¿ Não roubei, não matei, nem recebi dinheiro público. Vou recorrer na Mesa e na Justiça se meus direitos forem violados ¿ disse João Paulo.
João Magno também afirmou que não abrirá mão do mandato. Josias Gomes está indeciso:
¿ Minha mulher disse para eu ir até o fim. Não tenho posição tomada. Renunciar é muito ruim. Ser cassado é pior ainda. Acho tudo uma injustiça. Eu não conhecia o Valério.
¿Nem mesmo contra os nazistas houve processo coletivo¿
Mentor manteve o suspense:
¿ Vou aguardar o relatório. Mas não descarto nenhuma alternativa.
Professor Luizinho criticou Aldo Rebelo (PCdoB-SP):
¿ Infelizmente, o Aldo não teve como garantir a isenção e nossos direitos. Estamos sendo linchados. Nem mesmo contra os nazistas houve processo coletivo. Mesmo assim, confio no plenário da Câmara. Vou até o fim ¿ disse Luizinho
O líder do PP, José Janene (PR), e o presidente do partido, Pedro Corrêa (PE), disseram que não vão renunciar. Vadão Gomes (PP-SP) divulgou nota dizendo o mesmo. A assessoria de Wanderval Santos (PL-SP) informou que o deputado responderá ao processo no Conselho de Ética. Roberto Brant (PFL-MG) também reafirmou que vai responder ao processo e que pretende abandonar a vida pública. Pedro Henry (PP-MT) não avisou se vai renunciar.