Título: CPI convoca ex-tesoureiro de Eduardo Azeredo
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 12/10/2005, O País, p. 11

Depoimento deve servir para esclarecer empréstimo de R$9 milhões do valerioduto para campanha do tucano em 1998

BRASÍLIA. Palco até agora de investigações que envolveram o esquema de caixa dois no valor de R$55,9 milhões do PT, operado pelo empresário Marcos Valério de Souza e pelo ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, a CPI dos Correios deve ouvir na semana que vem Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha ao governo de Minas em 1998 do hoje senador e presidente do PSDB, Eduardo Azeredo. Mourão deve ser ouvido quarta-feira em uma das sub-relatorias. Seu depoimento foi decidido ontem pelo relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).

Valério diz que tucano sabia, mas Azeredo nega

O depoimento deve servir para esclarecer o empréstimo no valor de R$9 milhões, citado por Valério em seu depoimento na Procuradoria da República, ao PSDB mineiro em 1998. Segundo Serraglio, Azeredo não foi incluído no primeiro relatório preliminar da CPI, do qual consta uma lista de 19 parlamentares envolvidos com Valério, porque aquele documento era referente ao episódio que motivou a abertura da CPI do Mensalão. O relator explicou que Mourão vai ser ouvido para esclarecer os métodos de Valério:

¿ Estamos atrás de fontes (de recursos) de Valério. Precisamos saber se essa era uma conduta da empresa de Valério porque estamos atrás da explicação para esse dinheiro repassado ao PT. Queremos saber se essa situação já era o modus operandi dele ¿ diz Serraglio.

Em seu depoimento à CPI do Mensalão, Valério afirmou que Azeredo tinha conhecimento do empréstimo de R$9 milhões feito para a coligação que o apoiou em 1998, na disputa pela reeleição em Minas, conforme reportagem do GLOBO. Segundo o empresário, Mourão tinha procuração de Azeredo e ele próprio conversou com o candidato sobre os empréstimos da DNA no Banco Rural. Azeredo nega e afirma que desconhecia o empréstimo.