Título: LEGISTA DO CASO CELSO DANIEL É ACHADO MORTO
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 13/10/2005, O País, p. 9
Causa mais provável é natural, mas carta para familiares encontrada com o corpo chama a atenção da polícia
SÃO PAULO. O médico-legista Carlos Delmonte Printes, que participou da perícia sobre a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel, foi encontrado morto ontem em seu escritório, na Zona Sul de São Paulo. O registro feito pela polícia foi de ¿morte suspeita¿, já que no local foi encontrada uma carta manuscrita com várias páginas em que Delmonte deixava instruções à família sobre questões bancárias e até sobre como gostaria que seu enterro fosse conduzido.
A morte do legista foi a sétima de alguém ligado ao caso Celso Daniel. O médico, que tinha 55 anos, estava de cuecas quando foi encontrado no início da tarde pelo filho, Guilherme. O delegado Domingos Paulo Neto, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou que o mais provável é que tenha sido morte natural. Segundo ele, parentes contaram que há dois meses Delmonte contraiu pneumonia. Não havia sinais de violência no escritório.
Promotor não afasta hipótese de suicídio
Ao Ministério Público, Delmonte disse que o prefeito foi torturado antes de morrer e que foi pressionado a esconder seu relato pela Polícia Civil, para quem o homicídio foi um crime comum.
O promotor Roberto Wider, do Ministério Público de Santo André, disse que não pode ser descartada a hipótese de suicídio do legista, por causa da carta. O Ministério Público acredita que a morte do prefeito está ligada a um esquema de corrupção montado em sua gestão na Prefeitura de Santo André. Daniel foi seqüestrado na noite de 18 de janeiro de 2002, quando estava em um carro guiado pelo ex-segurança e empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra. Dois dias depois, o corpo foi encontrado com marcas de tiro. Sombra foi acusado pela Promotoria de ser o mandante.