Título: PT TENTARÁ SUPERAR SUA RESISTÊNCIA A ALIANÇAS NAS ELEIÇÕES DE 2006
Autor: Diana Fernades e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 03/11/2004, O país, p. 5

Para evitar isolamento, partido poderá até abrir mão de candidatos próprios

BRASÍLIA. Para as eleições estaduais de 2006, o PT vai tentar corrigir um dos maiores erros da campanha municipal: a resistência dos petistas em dividir a chapa com outras legendas e em fazer alianças mais amplas. A avaliação em todos os setores do partido, inclusive na cúpula, é que o PT errou ao optar por chapas puro-sangue em São Paulo e Porto Alegre, onde ocorreram as duas maiores derrotas petistas. E na maioria das capitais onde o PT abriu espaço para compor chapa, a aliança ficou restrita a praticamente dois partidos: PCdoB e PSB.

Para o projeto da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT adotará uma outra linha: será mais generoso com os aliados para evitar o seu próprio isolamento. A tendência é que o partido abra mão, inclusive, de candidatos aos governos estaduais em troca do apoio dos aliados na chapa presidencial. Os líderes petistas agora apontam como um dos principais erros deste ano a política restrita de alianças.

É preciso agregar partidos aliados, diz Genoino

Para o presidente do PT, José Genoino, é preciso abrir mão de candidaturas para agregar os partidos aliados, mas com critérios preestabelecidos para essas alianças:

¿ O PT tem que pensar agora em consolidar uma política de alianças, com base em critérios como o apoio ao governo Lula, conteúdo democrático e um programa de governo comum.

As derrotas em São Paulo e Porto Alegre vão custar caro ao PT em 2006. Os petistas terão que enfrentar alianças fortes em dois estados: PSDB e PFL em São Paulo, e PMDB e PPS na capital gaúcha. Em Porto Alegre, a situação dos petistas é mais dramática, porque até partidos aliados, como PMDB e PTB, estão do outro lado, com o governador Germano Rigotto e o prefeito eleito José Fogaça (PPS).

Além das dificuldades que teve para fazer alianças em São Paulo e Porto Alegre, o PT preferiu lançar vários candidatos sem chances a fazer alianças regionais em melhores condições. Foi assim, por exemplo, em Salvador, onde o caminho natural seria a união das esquerdas para enfrentar o PFL, mas o PT insistiu com Nelson Pelegrino, que terminou em terceiro.

Também em São Luís, Natal, Campo Grande, Teresina, João Pessoa e Florianópolis o PT lançou candidatos sem a mínima chance de vitória, rejeitando assim alianças que poderiam ser vitoriosas.

¿ De toda eleição é preciso tirar uma lição para o futuro. Acho que o PT lançou candidatos próprios demais. O partido precisa acertar isto para 2006 ¿ reconhece Genoino.

Em algumas cidades o partido tentou interferir para apoiar aliados. Mas em alguns casos acabou sendo acusado de autoritário, como em Fortaleza, por apoiar o deputado Inácio Arruda (PCdoB) contra a prefeita eleita Luizianne Lins (PT).