Título: PRESIDENTE DA VARIG DESCARTA VENDER SMILES AGORA
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Fonte: O Globo, 14/10/2005, Economia, p. 25

Escolha da melhor proposta para recuperação financeira da companhia aérea foi adiada para o próximo dia 19

O presidente da Varig, Omar Carneiro da Cunha, descartou ontem a venda imediata do controle do programa de milhagem Smiles e da Varig Engenharia de Manutenção (VEM). A intenção de venda foi anunciada em um fato relevante publicado pela Fundação Ruben Berta, que controla a Varig. Segundo o executivo, o objetivo agora é vender a VarigLog (empresa de logística do grupo), como está previsto no plano de recuperação defendido pela diretoria.

¿ Pode ser que um dia a gente pense em vender a VEM e o Smiles, mas não estamos propondo isso agora. O que queremos é vender a VarigLog ¿ disse o presidente.

Cunha informou que a intenção é concentrar esforços na venda da VarigLog para o fundo americano Matlin Patterson Global Advisers, cujo interesse já foi reforçado.

O fato relevante, no entanto, serviu para tumultuar mais ainda o dia ontem, quando foi realizada a assembléia de credores da Varig, em um hotel no Rio. No encontro, que durou mais de seis horas, foram apresentadas três propostas de recuperação da empresa: da própria Varig, do grupo Docas e dos Trabalhadores do Grupo Varig (TGV).

Credores pedem mais tempo para analisar propostas

A assembléia deveria votar a venda da VarigLog, analisar propostas de investidores e eleger um representante dos trabalhadores para o comitê de credores. O representante não foi eleito e a decisão sobre a VarigLog, adiada para 19 de outubro, quando será realizado novo encontro. Sindicalistas e funcionários da Varig disputam na Justiça o direito de representar os trabalhadores no comitê.

No fato relevante publicado ontem, a Fundação Ruben Berta diz que contratará duas consultorias internacionais para liderarem o processo de venda de 51% do Smiles e da VEM, com o objetivo de arrecadar US$500 milhões para cobrir o caixa da empresa, segundo estimativas. A controladora também afirma que convocará assembléias para aprovar reformas nos estatutos e dar mais poder aos conselhos de administração.

A Varig está em recuperação judicial e depende da aprovação dos credores e da Justiça para vender qualquer ativo. A venda da VarigLog deve render US$38 milhões, de acordo com Cunha. Esses recursos seriam fundamentais para manter a operação, dizem os administradores.

Além de carregar uma dívida de mais de R$7 bilhões, a Varig vem perdendo espaço no mercado doméstico para empresas como a Gol e a líder TAM.

A venda da VarigLog garantiria recursos fundamentais para um equilíbrio do caixa a curtíssimo prazo, enquanto um novo investidor não entra no capital da empresa, explicou o presidente da Varig.

Cunha apresentou ontem na assembléia uma carta de intenção da companhia portuguesa TAP (que, segundo o executivo, está liderando outros investidores), em que esta se propõe a emprestar US$100 milhões à Varig em um primeiro momento para, depois, fechar um possível aporte de capital.

¿ A TAP e o Matlin Patterson querem investir. Depois que vendermos a VarigLog, a TAP deve nos dar um financiamento ¿ disse o executivo, sem dar detalhes.

Ele acrescentou que a empresa está discutindo com vários potenciais investidores.