Título: PERNAMBUCO REDUZ PESO DO ESTADO NA ECONOMIA, MAS AINDA AMARGA PREJUÍZO
Autor: Isabela Martine e Heliana Frazao
Fonte: O Globo, 14/10/2005, Economia, p. 26

Número de estatais caiu 35%, mas perda é de quase R$99 milhões

RECIFE. Ao contrário do governo federal ¿ que vem aumentando os braços do Estado ¿- o esforço empreendido em Pernambuco é para reduzi-lo: nos últimos 20 anos, o número de estatais pernambucanas caiu 35%, mas mesmo assim os cofres públicos ainda amargam prejuízos anuais de quase R$99 milhões devido a empresas deficitárias. Entre elas, o Complexo Industrial Portuário de Suape, no litoral Sul, um dos mais modernos do país e encarado como símbolo do desenvolvimento industrial estadual. Na realidade, o porto fechou 2004 no vermelho.

Escolhido para sediar a refinaria anunciada no mês passado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez (Venezuela), o complexo fechou o ano passado com um prejuízo de R$350 mil, mas, segundo o diretor Administrativo e Financeiro do porto, Emanuel Andrade, o buraco poderia ter sido ainda maior se a arrecadação não tivesse crescido em 25% em 2004 em relação ao exercício anterior.

¿ Nos últimos quatro anos fizemos ajustes contábeis e começamos a pagar os atrasados. Mas a previsão para 2005 é fechar o ano com lucro.

Seis das 13 estatais pernambucanas dão prejuízo

O caso de Suape não é isolado. Segundo a Comissão Executiva de Controle das Estatais (Cest), seis das 13 existentes em Pernambuco ainda dão prejuízo. Livino Tavares, gerente-executivo da Cest, afirma que de 1985 até 2005 o número de estatais pernambucanas caiu de 20 para 13. Mas, segundo ele, o governo não cogita privatizar mais nenhuma empresa pública, embora esteja liquidando a Companhia de Armazenamento Geral de Pernambuco (Ceagepe).

De acordo com a Cest, o último balanço enviado pela Ceagepe (de 2003) acusa um prejuízo de R$4,049 milhões, superado apenas pela Perpart (Empresa Pernambucana de Participação). A Perpart foi criada em situação curiosa: só para administrar o passivo de empresas extintas ou que sofreram fusão com outras entidades públicas. Ela acumula um rombo de R$82,204 milhões. Mas Livino ressalta que a Perpart é a única estatal pernambucana cujo passivo vem crescendo.

A estatal mais lucrativa é a Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), que teve lucro superior a R$20 milhões no último exercício. O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) é a favor da privatização, mas extremamente cauteloso.

¿ Ele privatiza mas é muito cuidadoso, e só transfere para o setor privado quando tem certeza de que a iniciativa não vai render nenhum tipo de prejuízo ao estado ¿ afirma Enio Benning, secretário de Imprensa do governo do estado.

Em Pernambuco, o número de empregados lotados nas estatais em Pernambuco chega a 14% do total registrado na Chefia de Acompanhamento da Folha de Pagamento do Estado.