Título: CHINA PREGA ENTENDIMENTO COM BRASIL
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 14/10/2005, Economia, p. 27

Para embaixador, pequenos conflitos não devem prejudicar relações comerciais

SÃO PAULO. O embaixador da China no Brasil, Jiang Yuande, afirmou ontem em São Paulo que é preciso buscar ¿um clima melhor de entendimento mútuo¿ para evitar que ¿pequenas divergências¿ prejudiquem as relações comerciais entre os dois países. Yuande acrescentou que a China mantém ¿a porta totalmente aberta¿ aos negociadores brasileiros, mas ressaltou que seu país quer igualdade de benefícios na área comercial.

Foi a primeira manifestação oficial do governo da China depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pressionado por diversos setores empresariais, regulamentou a aplicação de salvaguardas contra a importação de produtos chineses. O setor têxtil e de confecção foi o primeiro a apresentar oficialmente pedido para a fixação de barreiras comerciais.

¿ Não podemos deixar que o rumo do desenvolvimento entre os dois países seja prejudicado por esses pequenos problemas. É preciso existir uma visão de longe alcance e estratégico. A porta continua totalmente aberta (ao Brasil) ¿ afirmou o embaixador, durante seminário promovido pelo Conselho Empresarial Brasil-China.

Mais tarde, ele disse que ¿compreende¿ a preocupação de empresários brasileiros com o crescimento das importações de produtos chineses, mas voltou a dizer que é melhor uma ¿conciliação¿ à adoção de salvaguardas:

¿ Somos um país muito aberto às negociações. Compreendemos as preocupações da parte brasileira, mas é preciso um espírito de respeito mútuo, de conciliação, para reduzir e até eliminar essas pequenas divergências para no futuro alcançar um maior avanço no nosso comércio e cooperação.

O embaixador salientou que apenas 2% do comércio entre Brasil e China, que este ano deve chegar a US$10 bilhões, seriam alvo de eventuais barreiras. Yuande evitou falar em retaliação caso Brasil adote de fato algum tipo de salvaguarda a produtos chineses.

¿ Retaliação? Não, o que precisamos é negociar.

Yuande disse ainda que os empresários brasileiros precisam ser ¿mais agressivos¿ na disputa por investimentos chineses. Ele entende que o Brasil ¿chegou atrasado¿ em relação a outros países e que existem ¿muitas oportunidades¿ para tornar maior o relacionamento com a China. O embaixador cobrou empenho do Brasil na assinatura de um acordo de proteção mútua de investimentos. Yuande reclamou dos impostos no Brasil: ¿são enormes¿.