Título: EX-DIRETOR DE FURNAS É ALVO DE OPERAÇÃO
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 15/10/2005, O País, p. 12

Dimas Toledo é investigado por suposto esquema de desvio na estatal

BRASÍLIA e RIO. A Polícia Federal apreendeu ontem papéis, disquetes, CDs e computadores na casa e na fazenda do ex-diretor de Engenharia de Furnas Dimas Toledo, um dos apadrinhados do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e acusado de chefiar um suposto esquema de extorsão de empresas interessadas em prestar serviços à estatal.

A PF também recolheu documentos em endereços do empresário Reinaldo Conrad, dono da JP Engenharia, e de Pedro Terra, apontado como um dos sócios de Dimas Toledo na contratação de falsas consultorias. A polícia fez as buscas no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais.

Investigações sobre desvio começaram há quatro meses

As investigações sobre um suposto esquema de desvio de dinheiro em Furnas começaram há quatro meses, logo após o surgimento das primeiras denúncias nos Correios. Segundo a PF, Toledo é suspeito de cobrar propina de empresas a partir da contratação de consultorias fictícias. Num dos casos investigados, Toledo teria cobrado cerca de R$700 mil para facilitar a contratação da JP Engenharia. A empresa deveria participar da construção de uma usina termelétrica em Campos, no Norte fluminense, mas as obras não foram adiante.

¿ Pelo que sabemos, Conrad foi extorquido. Espero que ele colabore e conte o que, de fato, aconteceu ¿ disse um dos investigadores do caso.

As investigações da PF também indicam que Pedro Terra atuava como laranja de Toledo. Segundo a polícia, o ex-diretor de Furnas fazia as negociações com os empresários. Uma de suas exigências era a contratação da empresa de consultoria de Terra. Com base nos documentos apreendidos até agora, a Polícia Federal pretende esclarecer dúvidas sobre outros contratos negociados por Toledo.

As buscas de documentos foram pedidas pelo delegado Luiz Flávio Zampronha, chefe da equipe responsável pelas investigações sobre as fraudes nos Correios e sobre o suposto pagamento de mensalão a parlamentares.

Segundo um policial, no início da operação, Toledo estava em sua fazenda, em Bocaina de Minas, no interior de Minas Gerais.

¿ Ele estava dormindo e levou um susto ¿ contou um dos responsáveis pela busca na fazenda.

No Rio, busca durou mais de cinco horas em apartamento

No Rio, o delegado Praxísteles Praxedes e três agentes da PF passaram mais de cinco horas no apartamento de Toledo, num condomínio na Barra da Tijuca. Segundo ele, este tempo foi necessário para que a polícia tivesse certeza de que não estava apreendendo material não-relacionado à investigação. Ao sair do condomínio, o delegado se limitou a dizer que o computador e os documentos apreendidos visam à investigação do relacionamento entre Furnas e empresas.