Título: VIOLÊNCIA PROVOCA FUGA
Autor: Ruben Berta
Fonte: O Globo, 15/10/2005, Rio, p. 15

Comércio bate em retirada e imóveis se desvalorizam

Há alguns anos, a Tijuca vem sendo abandonada por moradores e comerciantes. Nas proximidades do Morro do Borel, a filial do Carrefour, na Conde de Bonfim, fechou as portas em fevereiro deste ano.

A violência na Tijuca tem reflexos no mercado imobiliário. Principalmente na área do Borel, muitos apartamentos estão à venda. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Administradoras de Imóveis (Abadi), George Masset, a violência provoca desvalorização de 20 a 30% nos aluguéis:

¿ Dependendo da localização, o imóvel pode não ter nenhuma liqüidez. Alguns proprietários preferem manter o apartamento fechado a vender a um preço muito baixo.

A guerra que já foi travada entre os morros do Borel e da Formiga deixou na lembrança dos moradores a imagem de balas traçantes cruzando a Rua Conde de Bonfim. Uma das medidas que o tradicional Colégio São José adotou, há mais de 15 anos, para tentar garantir a segurança dos alunos foi a colocação de chapas de ferro nas janelas das salas de aulas que ficam nos andares mais altos do prédio.

Em outubro de 1994, o Morro do Borel foi alvo da Operação Rio I, com dois mil militares das Forças Armadas. O morro, hoje com cerca de 6.800 moradores, foi totalmente ocupado por soldados do Exército.

A violência já chegou a transformar a principal rua do bairro, a Conde de Bonfim, numa praça de guerra. No dia 15 de fevereiro de 2003, moradores do Morro do Borel e da Favela Indiana, incitados por traficantes, fecharam a Conde de Bonfim por mais de duas horas. Eles incendiaram dois carros, lixeiras, pedaços de madeira e pneus. Bandidos dispararam contra os policiais. O cenário de guerra deixou em pânico os moradores da região. Em agosto de 2002, o comércio da Tijuca foi obrigado a fechar dois dias por ordem do tráfico, em sinal de luto pela morte de um bandido.