Título: ANS DECRETA INTERVENÇÃO NA OPERADORA ALIANÇA UNIMED
Autor: Ana Cecília Santos
Fonte: O Globo, 15/10/2005, Economia, p. 32

No Rio, parte do atendimento será feito por cooperativa

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decretou ontem uma intervenção ¿ chamada de direção fiscal e técnica ¿ na operadora de planos de saúde Aliança Cooperativista Nacional Unimed, que tem 56 mil associados em todo o país, metade no Estado do Rio. Segundo o diretor de Normas e Habilitação da ANS, Alfredo Luiz de Almeida Cardoso, a medida foi adotada porque os usuários têm enfrentado graves problemas de cobertura:

¿ Os consumidores estão tendo o atendimento negado, especialmente os que residem no Rio de Janeiro.

Os clientes da Aliança Unimed são atendidos em regime de intercâmbio pelas cooperativas de um grupo distinto, Unimed do Brasil, que posteriormente são reembolsadas pelos serviços prestados. Mas há três meses os pagamentos foram suspensos pela Aliança Unimed, o que levou as Unimeds do outro grupo a negar o atendimento aos usuários.

Unimed do Brasil estuda assumir a assistência

Há cerca de uma semana a Unimed Rio suspendeu o atendimento, que só está mantido para casos de urgência, emergência e tratamento de doenças continuadas, como aids e câncer.

¿ Esperamos que a situação seja resolvida o mais rapidamente possível ¿ afirmou o presidente da Unimed do Brasil, Celso Barros.

A Aliança Unimed ¿ que trabalha somente com contratos coletivos e atua em vários estados ¿ acumula uma dívida de cerca de R$50 milhões com unidades da Unimed do Brasil. A Aliança Unimed foi criada há oito anos, a partir de uma cisão do sistema de cooperativas Unimed do Brasil, que existe há 38 anos.

A Unimed do Brasil estuda, com o apoio da ANS, assinar novos contratos com os clientes da Aliança Unimed, assumindo a operação de assistência médica. Atualmente, a Aliança Unimed, com sede em Brasília, presta serviço a vários órgão públicos, como IBGE, INPI, AGU e Susep.

Segundo o diretor da ANS, a Aliança Unimed já pediu para ter seu registro de operadora cancelado, o que está sendo estudado pelo órgão:

¿ Se a operadora conseguir desfazer seus contratos sem prejuízo para os usuários não haverá problemas em cancelar o registro ¿ disse Cardoso.

No entanto, o diretor alertou que, caso a empresa não feche um acordo com a Unimed do Brasil para que esta assine novos contratos de prestação de serviços com atuais clientes da Aliança Unimed, solucionando o problema da assistência médica, a empresa poderá ser liquidada e ter a carteira de clientes leiloada.

¿ Se a ANS identificar que a Aliança não tem condições econômicas e administrativas para se manter, pode ser liquidada ¿ afirma o diretor.

Waldemira Ramos de Oliveira Marinho, de 96 anos, é um dos clientes da Aliança Unimed que foram prejudicados. Ela teve um infarto e procurou um atendimento de emergência nos hospitais credenciados de Niterói, onde mora. No entanto, nenhum deles aceitou receber a paciente.

¿ Acabamos tendo que recorrer a um hospital público, onde minha mãe ficou internada na UTI. Depois tivemos que pagar para levá-la a um cardiologista particular ¿ conta a filha de Waldemira, Estelita Marinho.

Ela diz que entrou em contato com a Aliança Unimed em Brasília, mas não conseguiu solucionar o problema:

¿ Em nenhum momento fomos informados de que a operadora estava com problemas que poderiam impedir o atendimento dos associados.

Consumidor pode reclamar no Disque Saúde

Segundo Cardoso, atualmente existem 78 operadoras sob direção fiscal e três sob direção técnica. O regime de direção fiscal ocorre quando a empresa tem desequilíbrio financeiro, e a técnica, quando há problemas de cobertura.

O diretor informou que os associados da Aliança Unimed que enfrentarem problemas de negativa de cobertura devem entrar em contato com o Disque Saúde pelo telefone 0800-61-1997.

Recentemente, a Admed Planos de Saúde teve sua carteira de 48 mil clientes colocada à disposição do mercado pela ANS. A Admed entrou em regime de direção fiscal em 2004. Para garantir o pagamento de parte das dívidas da Admed com prestadores de serviço,e a fim de não interromper o atendimento aos usuários, a ANS determinou que fosse feito um aporte de R$5 milhões, o que não ocorreu.