Título: EXÉRCITO PEDE MAIS VERBA PARA ENFRENTAR SECA NA AMAZÔNIA
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 17/10/2005, O País, p. 4

Comandante militar limita viagens de helicópteros e sugere que comida e remédios sejam levados por terra

MANAUS. O governo do Amazonas e o Exército reclamam da falta de apoio financeiro para enfrentar a seca na Amazônia. Sem dinheiro, o Exército limita o uso de helicópteros e quer que as prefeituras transportem por terra parte das cestas básicas e dos remédios destinados à população isolada.

Ontem o governo do estado recrutou policiais militares para montar cestas com as primeiras 17 toneladas de alimentos da ajuda federal que chegou a Manaus, O carregamento, suficiente para atender apenas uma cidade, deverá seguir hoje para Tabatinga (AM) em aviões da Força Aérea Brasileira.

¿ Nosso orçamento em 2005 já foi curto. Estamos queimando reservas ¿ diz o comandante militar da Amazônia, general Claudio Barbosa de Figueiredo.

Segundo ele, cada hora de vôo de helicóptero custa cerca de US$5 mil. Mas mesmo no maior aparelho, o Cougar, só é possível carregar 70 cestas básicas, de 25 quilos cada.

Em Manaquiri, a 70 quilômetros de Manaus, 43 povoados precisam ser atendidos. No estado inteiro, há 914 comunidades à margem de lagos e igarapés, onde a estiagem isolou a população ribeirinha. Por isso o Exército decidiu restringir vôos e estimular as prefeituras e a população a buscar alternativas, como transportar cestas e remédios a pé, de bicicleta ou em pequenos barcos, as chamadas rabetinhas.

Embora evite falar publicamente, o governador Eduardo Braga (PMDB) está irritado com o governo federal. O estado destinou R$10 milhões para enfrentar a seca e considera insuficientes as 50 mil cestas básicas dadas pela União, além de R$1 milhão para custear os vôos do Exército. Segundo o diretor de Resposta a Desastres do Ministério da Integração Nacional, José Luiz D'Ávila Fernandes, os recursos federais chegarão a R$3 milhões, que seriam suficientes para o começo da operação.

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