Título: PF PEDE A PRISÃO DE AGENTE ACUSADO DE ROUBO
Autor: Célia Costa
Fonte: O Globo, 19/10/2005, Rio, p. 21

Encontrados mais R$160 mil dos R$2 milhões levados do cofre da Delegacia de Repressão a Entorpecentes

A Polícia Federal pediu a prisão preventiva do agente federal Marcos Paulo da Rocha e do informante Ubirajara Saldanha Maia, acusados do roubo de R$2 milhões do cofre da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) na sede da PF, na Praça Mauá. Os dois já estão presos acusados de outro crime. O delegado Alessandro Moretti, presidente do inquérito, disse que as investigações mostraram até agora que apenas Rocha e Ubirajara cometeram o crime. Anteontem à noite, depois de indicações de Ubirajara, os policiais recuperaram R$160 mil em notas de euros e dólares que estavam escondidas na base de um guindaste na vidraçaria onde Ubirajara trabalhava, em Jacarepaguá. O dinheiro seria a parte dele no roubo.

Novo inquérito vai apurar paradeiro do dinheiro

Hoje, quando se completa um mês do furto na sede da PF, o delegado Moretti vai mandar o relatório sobre o caso para o Ministério Público federal. Segundo ele, será aberto um novo inquérito para apurar onde está o restante do dinheiro. Ainda faltam ser recuperados cerca de R$1,2 milhão. Uma das linhas de investigação da Polícia Federal é de que o dinheiro esteja com a mulher de Marcos Paulo da Rocha, que está foragida.

No depoimento que prestou na tarde de anteontem, Ubirajara confessou ter entrado na sede da PF dentro da mala do carro do agente Rocha na manhã de domingo, dia 18 de setembro. Passou 20 horas dentro do veículo. Na madrugada de segunda-feira, Ubirajara teria saído e, seguindo indicações de uma mapa feito por Rocha, foi até a DRE e pegou o dinheiro.

Para deixar a PF com o dinheiro, Rocha teria alegado que precisava cuidar do filho doente e saído do plantão durante a madrugada. Segundo a polícia, Ubirajara confessou o crime e revelou o esconderijo do dinheiro para não envolver a namorada. Ela já havia prestado depoimento na semana passada e entrou em contradição diversas vezes para livrar o namorado, mas acabou se complicando.

¿ As pessoas estão sentindo o peso das investigações e começam a colaborar. É melhor indicar agora porque, se for pego com o dinheiro, será condenado ¿ disse Moretti.

O dinheiro encontrado anteontem à noite estava escondido debaixo de uma pedra que servia de contrapeso de um guindaste. No local, estavam guardados 32 mil euros e US$32 mil. Na sexta-feira da semana passada, a Polícia Federal recuperou 246 mil euros que foram deixados numa lixeira na Praça Afonso Pena, na Tijuca.

O dinheiro roubado da sede da PF havia sido apreendido durante a Operação Caravelas, que desbaratou uma quadrilha internacional de tráfico de drogas que mandaria de navio para a Europa 1,6 tonelada de cocaína pura em peças de carne congelada.

A droga foi apreendida no dia 15 de setembro no Mercado São Sebastião. Foram presas 11 pessoas, mas quatro já foram soltas. O dinheiro ¿ que dias depois acabou sendo roubado na sede da PF ¿ foi apreendido na casa de um dos presos. O escrivão Fábio Kair, responsável pela guarda das chaves do cofre, foi apontado como um dos primeiros suspeitos, mas acabou acusando Rocha e Ubirajara.

Além do roubo, as investigações revelaram outros crimes cometidos por agentes federais. Sete foram presos acusados do sumiço de cocaína apreendida em operações da PF e do roubo de 23 cheques durante a Operação Rudis, deflagrada em outubro do ano passado e que levou à prisão o publicitário Duda Mendonça e mais cinco pessoas numa rinha de galos no Recreio.