Título: `SIM¿ QUERIA JUNTAR LULA E FH MAS CRISE ATRAPALHOU
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 18/10/2005, O País, p. 13

BRASÍLIA. Anunciada no início do ano como um dos principais trunfos da campanha contra a venda de armas e munição, a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado de seu antecessor Fernando Henrique Cardoso no programa eleitoral vai ficar apenas nos planos da campanha do ¿Sim¿ do referendo de domingo. Até agora os dois não apareceram no programa e não deverão gravar mensagens pedindo votos para a proibição do comércio de armas.

A ausência foi justificada pelos organizadores da campanha com a crise política instaurada no país após as denúncias de pagamento de mensalão, que afastou ainda mais petistas e tucanos. A iniciativa de aproximar Lula e Fernando Henrique foi do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), secretário-executivo da frente parlamentar do ¿Sim¿, confirmou que a crise política inviabilizou a aproximação dos dois e a gravação da mensagem para o programa:

¿ A idéia foi arquivada por causa do aprofundamento da crise. A possibilidade de unir os dois existia antes do escândalo político. Hoje, tornou-se muito difícil. Há muitas resistências dos dois lados e será quase impossível reduzir a distância.

O encontro acabou sendo substituído por artigos que Lula e Fernando Henrique escreveram a favor do fim da venda de armas e munições. Jungmann informou que o comando da campanha também está evitando usar gravações com políticos:

¿ Não temos, de qualquer maneira, recorrido a políticos, porque trata-se de uma campanha da sociedade civil. Não seria bom partidarizar o tema.

Coordenador da campanha contra a proibição da venda de armas, o deputado Luiz Antônio Fleury (PTB-SP) disse duvidar que a entrada do petista e do tucano na campanha alteraria a vantagem do ¿Não¿.

¿ Parece-me que a crise política os afastou. Basta ver o jeito que PT e PSDB estão se atracando. E tenho sérias dúvidas quanto ao resultado da presença dos dois no horário eleitoral. Não sei que influência teria sobre o eleitorado. A população desconfiaria dos dois juntos à essa altura ¿ disse Fleury.