Título: GREVE NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS DEVE CONTINUAR
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 18/10/2005, O País, p. 15
Entrave agora é incorporação de gratificação ao salário. Para MEC, não há risco de perder semestre
BRASÍLIA. Na véspera de completar 50 dias, a greve das universidades federais chegou a um novo impasse. Apesar de o ministro da Educação, Fernando Haddad, ter classificado a proposta de até 25% de reajuste feita na última sexta-feira pelo governo como a melhor dos últimos dez anos, técnicos e professores das 37 instituições paradas deram sinais de que vão continuar parados.
O principal entrave está nas gratificações, que representam até 60% dos salários. Os grevistas exigem a incorporação aos vencimentos.
¿ O governo quer dar o reajuste por dentro da gratificação. Mas a qualquer hora as gratificações podem ser retiradas. Essa proposta é uma armadilha ¿ criticou a presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Marina Pinto.
De Roma, onde acompanhava a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na visita oficial à Europa, Haddad comentou a proposta do governo. Classificou-a de generosa e disse estar confiante no fim da greve:
¿ Os recursos garantem que durante o governo Lula nenhum docente terá tido reajuste menor do que a inflação (18% nos primeiros dois anos). E a maioria terá ganho real, recuperando muitos anos de achatamento. Este é o primeiro governo em muitos anos que faz isso.
Cinco universidades já rejeitaram a proposta
Cinco instituições que fizeram assembléias ontem rejeitaram por unanimidade a proposta do governo. Hoje, docentes de outras 32 escolas devem opinar. Depois o comando nacional de greve vai decidir se aceita a proposta ou se mantém a greve. Governo e grevistas têm encontro marcado amanhã, no prédio do MEC.
Mesmo com o novo impasse, o ministro interino da Educação, Jairo Jorge, disse que os alunos não correm o risco de perder o semestre:
¿ Já tivemos greves de cem dias e conseguimos equacionar. Não há esse risco.