Título: PFL e PSDB se unem para atacar `corrupção sistêmica¿
Autor: Adriana Vasconcelos e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 20/10/2005, O País, p. 9
Bornhausen defende pefelista ameaçado de processo
BRASÍLIA. No mesmo dia em que a base aliada conseguiu levar para depor na CPI dos Correios Cláudio Mourão ¿ que foi coordenador da campanha eleitoral do atual presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG) ¿ para explicar suas relações com o empresário Marcos Valério de Souza, os líderes tucanos e pefelistas no Congresso divulgaram nota conjunta criticando a tentativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de dirigentes do PT de reduzir o que seria um esquema de corrupção sistêmica a um simples crime eleitoral de caixa dois.
Tucanos e pefelistas disseram, na nota, que não permitirão que o Palácio do Planalto confunda a opinião pública para livrar Lula de sua responsabilidade. Em outra frente, o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), convocou uma entrevista coletiva para defender o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS), que deverá responder a processo por quebra de decoro parlamentar proposto pelo PT, por ter denunciado a existência de empréstimos ao ex-ministro José Dirceu que não foram comprovados.
A executiva nacional do PFL, em outra nota, classificou a ação ¿como mais uma manobra do PT e do governo Lula contra o persistente trabalho dos representantes da oposição nas CPIs¿ e sustentou que essa seria uma operação para ¿desviar a atenção da opinião pública e abafar os escândalos¿.
Oposição: governo reduz a crise a esquema de caixa 2
Para o PSDB e o PFL, essa estratégia teria sido deflagrada pelo próprio Lula em julho, em Paris. ¿É de estarrecer que o supremo mandatário do país justifique gravíssimo crime eleitoral. E orquestradamente, no mesmo momento em que Marcos Valério e Delúbio Soares, no Brasil, coincidentemente, faziam declarações semelhantes¿, ressalta a nota dos dois partidos.
A oposição afirma que o presidente eleito do PT, Ricardo Berzoini, segue agora na mesma linha de reduzir a crise a um esquema de caixa dois, o que por si só já seria grave. ¿Mas não é disso que se trata. Não se trata de recursos de origem privada e destinados de forma ilícita à campanha eleitoral. O país está diante do mais vasto e escabroso esquema de corrupção sistêmica implantado jamais visto. Tem a ver com corrupção, desvio e apropriação de recursos públicos¿, acrescenta a nota.
Para a oposição, o trabalho realizado pelas CPIs ¿já pôde comprovar o funcionamento de uma poderosa máquina (...), com o óbvio conhecimento da cúpula petista e do Palácio do Planalto, com destaque para o então todo-poderoso ministro José Dirceu, o `capitão do time¿ do presidente Lula¿.
Berzoini reagiu, afirmando que tucanos e pefelistas não têm moral para atacar o PT:
¿ O PT não vai aceitar que seja atacado de forma desleal e mentirosa por partidos que tentam se passar por vestais ¿ disse Berzoini, partindo para o ataque ao citar o escândalo da pasta rosa, no governo Fernando Henrique, em 1995. Segundo ele, tucanos e pefelistas diziam na época que as denúncias eram um problema eleitoral.