Título: UMA COISA É CAIXA DOIS, OUTRA É CORRUPÇÃO, DIZ TUCANO
Autor:
Fonte: O Globo, 20/10/2005, O País, p. 11

BRASÍLIA. As confissões do ex-tesoureiro Cláudio Mourão sobre o uso de caixa dois na campanha do presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo, ao governo de Minas Gerais em 1998, aumentaram a tensão entre tucanos e petistas na CPI dos Correios. Para os petistas, o esquema usado por Mourão para financiar a campanha tucana é o mesmo adotado pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para fazer repasses a parlamentares da base governista. Os tucanos reconhecem o caixa dois, mas alegam que os recursos repassados pelo empresário Marcos Valério a Mourão não estão vinculados a corrupção no governo.

Irritado com a ofensiva petista, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), pediu a convocação de tesoureiros de campanhas do PT em dez estados e no Distrito Federal. O pedido será apreciado pela CPI na próxima terça-feira.

¿ Uma coisa é o dinheiro de caixa dois, que é reprovável. Outra coisa é a rapina usada por um grupo para se perpetuar no poder ¿ disse Virgílio.

O debate sobre as origens do valerioduto começou logo depois da descrição de Mourão sobre o esquema de arrecadação de recursos na campanha de Azeredo e de Clésio Andrade (PFL), hoje vice-governador de Minas Gerais. Para o deputado Maurício Rands (PT-PE), o modelo de financiamento da campanha de Azeredo é exatamente igual ao esquema adotado por Delúbio para bancar parlamentares da base governista. Da mesma forma que Delúbio, Mourão se associou a Valério, fez empréstimos no Banco Rural e até agora não quitou a dívida.