Título: POLÍCIA DE SP PROCURA `QUEM ROUBOU O LADRÃO¿ DO BANCO CENTRAL NO CEARÁ
Autor: Cristina Christiano
Fonte: O Globo, 20/10/2005, O País, p. 14

Família do criminoso pagou resgate mas quadrilha não libertou bandido

SÃO PAULO. ¿Estamos fazendo das tripas coração para descobrir o que aconteceu. Queremos saber quem roubou o ladrão, arda onde arder.¿ A afirmação foi feita ontem pelo diretor do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado da Polícia Civil de São Paulo, delegado Godofredo Bittencourt, para explicar as investigações sobre o seqüestro de Luís Fernando Ribeiro, o Fê, de 26 anos, um dos suspeitos de participar do roubo de R$164,7 milhões do Banco Central de Fortaleza, o maior do país, em 7 de agosto.

A família de Luís Fernando já pagou o resgate de R$2 milhões. Mas os criminosos não libertaram o refém. Há suspeitas de que o crime teria sido praticado por policiais que descobriram seu envolvimento com o assalto ao BC.

O seqüestro aconteceu no último dia 7, quando Luís Fernando chegava a um bar em Pinheiros. Dois homens armados, que se identificaram apresentando carteiras de policiais federais, o puseram num carro e desapareceram. Pouco depois, ligaram para a família pedindo o resgate. Como prova de vida, deixaram a vítima falar ao telefone.

Quadrilha foi filmada no pagamento do resgate

Segundo o delegado Ruy Ferraz Fontes, da Delegacia de Roubo a Bancos, do Deic, o resgate foi pago à 1h38m da madrugada de domingo passado, em um posto de gasolina da Rodovia Raposo Tavares. A movimentação da quadrilha durante o encontro para pagamento do resgate todo foi filmada. O dinheiro utilizado, diz o delegado, é uma parte do produto do roubo que cabia a Luís Fernando.

O diretor do Deic disse que, às 19h40m de sábado um delegado da Polícia Federal, identificado apenas como Pedro, ligou para a Corregedoria da Polícia Civil afirmando ter recebido uma denúncia anônima de que policiais do Deic teriam prendido Luís Fernando.

¿ Checamos em todas as delegacias, principalmente na Divercar (Divisão de Investigação sobre Furtos e Roubos de Veículos e Cargas), que naquela noite havia prendido 11 pessoas em Santos, mas ninguém sabia de nada ¿ disse Bittencourt.

O delegado afirmou que na segunda-feira os policiais foram investigar a vida de Luís Fernando e descobriram que ele é de São Paulo e está condenado por tráfico. Na seqüência, localizaram os parentes e na quarta-feira abriram inquérito para apurar o caso. Quatro pessoas já foram ouvidas. Mas, segundo Bittencourt, a grande dificuldade é convencer os amigos de Luís Fernando a depor, já que a maioria é procurada pela polícia.

Bittencourt afirma que as testemunhas viram fotos de todos os policiais do Deic. Acharam um investigador do Garra e dois de outros departamentos parecidos, mas não identificaram ninguém pessoalmente.

(*) Do Diário de S.Paulo