Título: APÓS ESTRATÉGIA POLÊMICA, BNDES CONSEGUE DAR MAIS CRÉDITO A PEQUENOS
Autor: Mirelle de França
Fonte: O Globo, 20/10/2005, Economia, p. 29

Número de cartões de empréstimo rotativo sobe de 28 mil para 42 mil

A primeira grande campanha publicitária do BNDES, cujo objetivo era aumentar a demanda pelo Cartão BNDES ¿ que financia a compra de equipamentos para micro, pequenas e médias empresas ¿ rendeu mais do que a polêmica em torno do investimento inédito de R$5,4 milhões em propaganda. Três meses depois, o banco chegou à marca de 42 mil cartões emitidos, o equivalente a um volume de crédito disponível de R$857 milhões. O número de cartões subiu 50% em relação aos 28 mil em circulação no fim de 2004. Apenas em setembro, cerca de 2.700 deles entraram na praça.

O projeto do Cartão BNDES foi lançado em setembro de 2003, mas somente no fim de 2004 começou a ganhar fôlego. Em junho deste ano, a direção do banco decidiu divulgar o produto na mídia, para concorrer diretamente com bancos de varejo e financeiras no crédito aos pequenos empresários. O volume de investimentos na campanha gerou críticas do ex-presidente do banco Carlos Lessa, rebatidas pelo atual titular do cargo, Guido Mantega.

¿ A campanha publicitária impulsionou os pedidos do cartão. O grande atrativo são as vantagens que o pequeno empresário encontra, como a taxa de juros mais baixa (1,39% ao mês, contra a média de 4% do mercado) e o prazo mais longo (36 meses) ¿ explicou o chefe do Departamento responsável pelo Cartão BNDES, Milton Dias.

Microempresas detém 80% dos cartões emitidos

Em junho deste ano, o banco aumentou o prazo de 24 meses para 36 meses e ampliou o limite máximo de financiamento, por empresa, de R$50 mil para R$100 mil.

¿ Houve demanda e resolvemos atender. A média dos financiamentos, no entanto, fica em torno de R$20 mil ¿ informou o executivo do banco, ao ressaltar que 80% dos 42 mil cartões emitidos pertencem a microempresas, 18%, a pequenas e 2%, a médias.

O empresário pode pedir o cartão de crédito rotativo no site específico do BNDES (www.cartaobndes.gov.br) ou por meio dos agentes credenciados (Bradesco, Caixa Econômica Federal ou Banco do Brasil). A empresa deve estar em dia com INSS, FGTS, Rais e demais tributos federais, além de ter faturamento anual de, no máximo, R$60 milhões. Com exceção da Caixa, que cobra anuidade de R$100, não há custos para a emissão.

Com o cartão em mãos, o empresário terá acesso à lista de cerca de 20 mil itens e mais de 1.500 fornecedores ¿ entre eles Fiat, Dell, Yamaha e IBM ¿ no portal no BNDES. Menos de 2% das vendas, no entanto, acontecem desta forma.

¿ Geralmente, os fornecedores visitam seus clientes potenciais e, se eles já têm o cartão, fazem negócio ¿ ressaltou Dias.

Entre os produtos mais negociados estão computadores e balanças (para supermercados). Mas a lista inclui carros (principalmente furgões), motos e até bombas para postos de combustíveis.

O empresário Francisco Barbosa já tomou emprestados mais de R$140 mil via Cartão BNDES para modernizar sua padaria e equipar uma nova filial:

¿ As taxas de juros compensam e o prazo para o pagamento é muito maior. Vale à pena.