Título: São Paulo teve 83 casos só este ano
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Fonte: O Globo, 08/11/2004, Opinião, p. 8

Apesar das reiteradas afirmações das autoridades estaduais de que os seqüestros em São Paulo estão em queda, dados da Secretaria de Segurança Pública mostram que os números dessas ocorrências se mantêm praticamente inalterados nos últimos dois anos. De janeiro a setembro deste ano, foram registrados 83 seqüestros em todo o estado, três a menos do que as 86 ocorrências de igual período de 2003. Ao todo, foram 118 casos de seqüestro em São Paulo no ano passado, 84 deles na capital.

A Secretaria de Segurança, que só divulga as estatísticas sobre seqüestros trimestralmente, não revela quantos casos estão em andamento. Informa apenas que, das 83 ocorrências até setembro, 63% foram esclarecidas. Segundo o órgão, nos últimos dois anos 246 seqüestradores foram presos e 68 cativeiros descobertos.

Um dos casos mais dramáticos e não resolvido é o do empresário Ivandel Godinho, dono de uma empresa de assessoria de imprensa. Ivandel foi levado por seqüestradores no dia 22 de outubro de 2003. A família pagou o resgate pedido pelos bandidos, mas, mesmo assim, não teve mais notícias de seu paradeiro.

Outros casos de seqüestro em São Paulo foram os do empresário Abílio Diniz, em 1989, e o do publicitário Washington Olivetto, em dezembro de 2001, ambos solucionados pela polícia. Libertado depois de 53 dias no cativeiro, o publicitário Washington Olivetto contou que desconfiou que seria seqüestrado logo que foi parado em uma falsa blitz da Polícia Federal, no dia 11 de dezembro de 2001. Os criminosos usaram falsos coletes da PF, simulando uma operação especial para parar o carro de Olivetto e seqüestrar o publicitário.

Abílio Diniz, dono da rede de supermercados Pão de Açúcar, também foi seqüestrado no dia 11 de dezembro, mas de 1989, quando ia para o escritório. Os seqüestradores usaram uma Caravan disfarçada de ambulância para bloquear o caminho do empresário, nas esquinas das ruas Sabuji e Seridó, no Jardim Europa (zona sudoeste de São Paulo). Um cartão de uma oficina mecânica encontrado na Caravan abandonada foi a primeira pista encontrada pela polícia. A partir daí, a polícia prendeu todos os seis seqüestradores e encontrou Diniz no cativeiro.