Título: Mãe de Robinho é seqüestrada no litoral de SP
Autor:
Fonte: O Globo, 08/11/2004, Opinião, p. 8

A dona-de-casa Marina da Silva Souza, de 43 anos, mãe do atacante do Santos Robinho, foi seqüestrada por dois homens armados, na noite de sábado, quando estava na casa de amigos na Praia Grande, litoral sul de São Paulo. Por volta de 23h30m, segundo a polícia, os dois homens, um deles com uma pistola, pularam o muro dos fundos e invadiram a casa, na Vila São Jorge, bairro pobre da cidade.

¿ Quem é a dona Marina, mãe do Robinho? ¿ teriam perguntado os bandidos.

Segundo a polícia, até as 20h30m de ontem os criminosos não tinham entrado em contato com a família. No momento do seqüestro, Robinho estava em Criciúma, em Santa Catarina, onde o Santos jogou ontem contra o Criciúma. Ele foi dispensado do jogo e voltou em um jato fretado para Santos. Acompanhado por amigos e um segurança, chegou às 16h55m na garagem do prédio em que mora.

Os bandidos, que não usavam capuz, trancaram o casal no banheiro e desapareceram com a mãe de Robinho. O casal ficou cerca de 30 minutos trancado e, ao sair, chamou a polícia. Os amigos de Marina ajudaram a polícia a fazer retratos falados dos bandidos. O carro dela não foi usado na fuga.

Polícia investiga problema pessoal

Segundo o diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter), Alberto Corazza, além de seqüestro, a polícia também investiga a hipótese de Marina ter sido levada por causa de algum problema pessoal. Ela foi à casa dos amigos para organizar uma festa. Segundo Corazza, a Vila São Jorge é um dos bairros mais perigosos da região. Ele disse que Marina não deveria ter ido ao local sozinha.

¿ As pessoas se esquecem de que a fama também traz um ônus ¿ observou.

Moradores do bairro lembram que, ano passado, num matagal próximo à casa, a polícia localizou o cativeiro de dois empresários seqüestrados no litoral paulista. Corazza explicou que não pensa em pedir reforços, mas disse que se for preciso vai recorrer às equipes da capital.

¿ A Polícia Civil de Santos tem conseguido resolver 90% dos seqüestros da região, o que nos credencia a resolver este caso ¿ disse.

A família de Robinho soube do seqüestro ainda na noite de sábado e ficou incomunicável desde então. De acordo com o porteiro do prédio, João Galvão Monteiro, somente de manhã o pai de Robinho foi até a padaria para comprar pão e, ao retornar, deu ordens para que ninguém mais subisse.

¿ Eles estão completamente abalados e não querem fazer comentário algum. Parece que ainda não acreditam que a dona Marina foi seqüestrada ¿ disse o porteiro.

Os moradores do edifício afirmam que nunca presenciaram qualquer atitude suspeita, mas que após o episódio ficaram preocupados por descobrir que existe o perigo de seqüestro.

Marina da Silva Souza é uma mulher de hábitos simples que ainda mantém a rotina de rever todos os amigos e de freqüentar rodas de pagode. Ela gosta de ir ao shopping, passear pelo bairro e ir à praia sozinha, dispensando qualquer tipo de segurança. Ações em que seria recomendada a presença de proteção, depois que o filho alcançou a fama nos campos de futebol. Marina mora com o marido, Gilvan, em um prédio de classe média no bairro Pompéia, em Santos. O prédio de 11 andares fica próximo ao apartamento recém-adquirido pelo filho no bairro nobre de Aparecida. Robinho comprou o apartamento no início do ano, quando resolveu morar sozinho.

¿ Ela é muito simpática, brincalhona, gosta de cumprimentar todo mundo. Estamos muito assustados porque nunca imaginamos que pudesse acontecer alguma coisa com ela ¿ disse ontem Paulo Machado, morador do edifício dos pais do jogador.

A dona-de-casa sempre levou uma vida simples até o filho virar craque do Santos. Ainda na infância precisou aprender o serviço de empregada doméstica.

¿ Desde os 13 anos trabalhava em casa de família ¿ contou ela, em recente entrevista ao ¿Diário de S.Paulo¿.

Marina, segundo amigos, nunca considerou a possibilidade de ser seqüestrada. Robinho, no entanto, se preocupava com os riscos e procurava não expor a família em público.