Título: CPI PEDIRÁ AUDITORIA EM DEPÓSITO DE ARMAS E MUNIÇÃO DA POLÍCIA DO RIO
Autor: Toni Marques
Fonte: O Globo, 21/10/2005, O País, p. 8

Testemunha denuncia esquema de venda de armamento a traficantes

BRASÍLIA. A CPI do Tráfico de Armas na Câmara vai pedir auditoria no depósito de armas e munição da Polícia Civil do Rio. A solicitação foi anunciada ontem pelo presidente da comissão, Moroni Torgan (PFL-CE), que recebeu denúncias de suposto esquema montado por policiais corruptos para desviar armas e vendê-las a traficantes.

As informações foram dadas à CPI pelo ex-chefe da Delegacia de Fiscalização de Armas e Explosivos Hélio Scielzo Brunet, ouvido ontem. Preso desde julho sob acusação de negociar armas com quadrilhas dos morros do Turano e do Pavão-Pavãozinho, Brunet negou envolvimento com o esquema, mas deu detalhes que levaram Moroni Torgan a pedir a auditoria.

Brunet chegou à Câmara algemado e falou por cerca de uma hora e meia. Ao perceber que o policial não contava tudo o que sabe, os deputados propuseram a ele que falasse em sessão reservada. A proposta foi aceita imediatamente e, com as portas fechadas, Brunet falou por mais uma hora. Por correr risco de morte, ele poderá ser incluído no programa de proteção a testemunhas do governo federal.

Testemunha apontou falhas no controle de armas

Brunet disse à CPI ter ouvido denúncias de desvio no Departamento de Serviço de Acautelamento de Armas e Munições. Apontou falhas no controle de saída das armas do departamento para as mãos de policiais, que deve ser feita de forma oficial. Segundo Brunet, às vezes o armamento era distribuído após um pedido verbal. Em sua defesa, o policial afirmou ainda que não tinha controle sobre a saída do material.

A Polícia Civil do Rio informou que, assim que houve a prisão de Brunet, determinou auditoria no depósito, hoje em andamento.