Título: GAROTINHO DEIXA O ESTADO PARA FAZER CAMPANHA
Autor: Maiá Menezes
Fonte: O Globo, 21/10/2005, O País, p. 14

Secretário anuncia que deixará cargo mês que vem para percorrer o país em busca de votos para a prévia do PMDB

O pré-candidato do PMDB à Presidência da República Anthony Garotinho vai se dedicar integralmente, a partir do mês que vem, à campanha para ser escolhido candidato do partido à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para tanto, vai deixar o governo do estado mais cedo do que previra (dezembro). Ontem, em Campos para o lançamento da candidatura de Geraldo Pudim a prefeito, Garotinho disse que vai pedir à governadora Rosinha Garotinho para deixar a secretaria de Governo em novembro.

Ele planeja percorrer o país para tentar convencer os 24 mil delegados do PMDB, que votarão na convenção de março, a apoiarem sua candidatura. Os delegados são presidentes dos diretórios municipais e estaduais, vereadores, senadores, prefeitos e governadores. Desde o começo do ano, Garotinho tem viajado pelo país nos fins de semana. Ele apresenta diariamente o programa "Palavra de fé", em 180 rádios espalhadas por cidades em 20 estados.

Garotinho: "Vou pedir que ela me libere em novembro''

O prazo dado pela governadora Rosinha Garotinho para a saída dos secretários que concorrerão a vagas nas próximas eleições é 31 de dezembro. Garotinho será exonerado do cargo. Tem uma empreitada difícil até dia 5 de março: vencer a resistência dos oposicionistas, que rejeitam sua candidatura.

- Faço questão de apertar a mão de cada um dos dirigentes, apresentar minhas propostas e provar para cada um deles que estas são as melhores. A Rosinha diz que todos os secretários que se candidatarem saem em dezembro, mas vou pedir a ela que me libere em novembro - disse o secretário.

Processo contra o casal será julgado dia 27

Caso perca a luta interna no PMDB, Garotinho poderá ser candidato ao Senado ou a deputado federal. A governadora permanecerá no cargo caso Garotinho seja candidato à Presidência. A disputa não será fácil: nem mesmo no Rio, cujo diretório é presidido por Garotinho, há consenso. A insatisfação do secretário-geral do PMDB e presidente da Assembléia Legislativa do estado do Rio (Alerj), Jorge Picciani, com o governo do estado foi expressa em uma carta ao partido, anteontem. Garotinho deverá se reunir como Picciani na segunda-feira, para tentar aparar as arestas. O presidente da Alerj, que contava com uma vaga no partido para disputado o Senado, está perdendo espaço para outros nomes, como o do deputado federal Francisco Dornelles (PP-RJ) - que seria apoiado pelo prefeito Cesar Maia e por Garotinho - ou o de Rosinha - que aparece à frente nas pesquisas de intenção de voto feitas pelo PMDB.

O plano de Garotinho enfrenta ainda outro obstáculo antes da convenção. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) deverá julgar no próximo dia 27 o processo que tornou o casal Garotinho inelegível por três anos por crimes eleitorais durante a campanha do ano passado. A sentença da juíza Denise Appolinária, da 76ª Zona Eleitoral de Campos, está suspensa por efeito de liminar. O plenário que decidirá o destino do casal é formado por seis integrantes. O presidente do TRE, Marlan de Moraes Marinho, votará em caso de empate. Se o TRE mantiver a sentença, ainda poderá haver recurso ao TSE. Caso eles sejam absolvidos, o Ministério Público também poderá recorrer da decisão. No mesmo dia, será julgado o mérito do processo contra o candidato do PMDB a prefeito de Campos, Geraldo Pudim - que, condenado em primeira instância, conseguiu manter seus direitos políticos por efeito de liminar.

Em setembro, o procurador regional eleitoral no Estado do Rio, Rogério Navarro, enviou ao TRE parecer defendendo a confirmação da sentença da juíza eleitoral de Campos. No parecer, ele sustenta que Rosinha e Garotinho cometeram irregularidades como abuso de poder econômico, político e de autoridade e captação ilícita de votos.

Pudim é candidatoem Campos

CAMPOS. O diretório do PMDB em Campos fez ontem sua convenção e confirmou o nome de Geraldo Pudim como candidato às novas eleições para a escolha do prefeito, com primeiro turno em 4 de dezembro e segundo, se houver, no dia 18 do mesmo mês. Pudim disse que não há impedimento jurídico à sua candidatura, embora exista um processo a ser julgado pela Justiça Eleitoral, que anulou as eleições do ano passado, cassando o prefeito eleito Carlos Alberto Campista (PDT) e tornando-o, entre outros, inelegível.

Segundo Pudim, que está recorrendo, o que vale é sua condição no momento do pleito.

- Serei absolvido e ganharei a eleição - disse o candidato apoiado pelo ex-governador Anthony Garotinho, que participou da convenção ontem ao lado da governadora Rosinha Garotinho.

O casal ficará até domingo na cidade, onde votará no referendo sobre o desarmamento. PTB e PL apoiarão Pudim.

O PDT do ex-prefeito Arnaldo Vianna, adversário de Garotinho, deve escolher hoje o candidato Alexandre Mocaiber, que assumiu a prefeitura com a cassação de Campista.

Legenda da foto: GAROTINHO E ROSINHA na convenção do PMDB de Campos, que escolheu de novo Pudim para disputar as novas eleições na cidade