Título: ADVOGADO DO PROCESSO DE SADDAM É SEQÜESTRADO
Autor:
Fonte: O Globo, 21/10/2005, O Mundo, p. 32

Crime acontece um dia após o início do julgamento em Bagdá. Jornalista é libertado e sobrinho de ex-ditador, preso

BAGDÁ. O advogado de um dos sete iraquianos que estão sendo julgados com Saddam Hussein foi seqüestrado ontem de sua casa, em Bagdá, apenas um dia após o início do julgamento. O advogado Saadoun Janabi representa Jawad al-Bander - o principal juiz da Corte Revolucionária de Saddam, acusado de sentenciar à morte mais de 140 xiitas do vilarejo de Dujail, em 1982.

Oito homens armados invadiram a casa de Janabi, por volta das 20h30m de ontem, levando-o do escritório, que funciona no segundo andar. Ninguém se responsabilizou pelo seqüestro.

Não está claro se o seqüestro afetará o julgamento. Embora a próxima sessão esteja marcada para 28 de novembro, uma testemunha-chave será ouvida no domingo. Wadah al-Sheikh era agente da inteligência em Dujail e está preso.

- Ele é uma das principais testemunhas. Está hospitalizado, muito doente, com câncer. Teremos que ir até ele - disse o juiz Mohammed Amin.

Enquanto o advogado era seqüestrado, o jornalista irlandês Rory Carroll era libertado. O correspondente do "Guardian" fora levado na véspera, em Bagdá. Ele não sabe quem o seqüestrou, mas disse que ao ser libertado foi entregue diretamente ao vice-premier iraquiano, Ahmed Chalabi.

- Estou bem. Fui tratado relativamente bem. Passei as últimas 36 horas no escuro - contou Carroll, que pretende continuar no Iraque.

Sobrinho é acusado de financiar rebeldes

O governo informou ontem que prendeu um sobrinho de Saddam. Yasser Sabawi foi capturado na quarta-feira em Tikrit, cidade natal do ex-ditador, quando moradores protestavam contra o julgamento. Sabawi é suspeito de financiar rebeldes.

- Ele é a ligação com o exterior - disse o ministro do Interior, Bayan Jabor. - Temos que seguir pessoas da família de Saddam, que vivem em países árabes. Sabawi trazia dinheiro delas para distribuir no Iraque.

A al-Qaeda no Iraque admitiu ontem, na internet, a morte de Abu Azzam, quase um mês depois de os EUA anunciarem que o tinham matado. Ele era considerado o segundo no comando do grupo e morreu em Bagdá.

www.oglobo.com.br/mundo