Título: INCRA CRITICA UDR POR VOTAR NO `NÃO¿
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 22/10/2005, O País, p. 11

Ruralistas reagem dizendo ter direito de se armar para defender suas terras

BRASÍLIA. Eleitor do ¿Sim¿ no referendo que decide o futuro do comércio de armas e munição no país, amanhã, o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, criticou ontem a União Democrática Ruralista (UDR), entidade contrária à proibição de armamentos. Hackbart, em entrevista ao GLOBO, acusou a UDR de apoiar o ¿Não¿ para poder continuar contratando jagunços e milícias privadas armadas para combater a invasão de terras no país.

¿ A UDR é a favor do ¿Não¿ porque defende o direito e os privilégios das oligarquias, o direito do latifúndio improdutivo, os interesses da propriedade privada acima de tudo. Eles não pensam no desenvolvimento do país com justiça social ¿ disse Rolf.

Para o presidente do Incra, a vitória do ¿Não¿ na consulta de amanhã irá acirrar ainda mais o clima de violência no campo. Para ele, se o ¿Sim¿ sair vencedor haverá um cenário mais tranquilo para o governo continuar sua política de reforma agrária e garantir novos assentamentos no campo.

¿ Com a vitória do ¿Não¿, a violência no campo irá crescer. Os proprietários de terra vão se sentir mais autorizados ainda a utilizar armas ilegais e vão substituir o diálogo pela violência. O ¿Sim¿ ganhando vence o diálogo e o fortalecimento de uma reforma agrária justa e pacífica ¿ disse o presidente do Incra.

O presidente da UDR, Luiz Antônio Nabhan Garcia, rebateu as críticas do presidente do Incra. Para Nabhan, os proprietários rurais têm o direito de se armar para defender suas terras. Ele acusou Rolf de, ao defender o ¿Sim¿, estimular a invasão de terras:

¿ Nós, ruralistas, temos a obrigação de defender o ¿Não¿. Quem defende o ¿Sim¿ quer restringir nossos direitos. Não podemos ter nossa defesa cerceada. Temos legitimidade para defender o direito à propriedade. Esse presidente do Incra não respeita isso. Ele incentiva as invasões de terras.

Rolf afirmou ainda que o programa Paz no campo, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e conduzido pela Ouvidoria Agrária, é a solução para o problema da violência no campo.