Título: DITADURA CHILENA PLANEJOU ELIMINAR RICARDO LAGOS
Autor: Janaina Figueiredo
Fonte: O Globo, 22/10/2005, O Mundo, p. 35
Atentado frustrado contra Pinochet pôs presidente na mira
BUENOS AIRES. O presidente do Chile, o socialista Ricardo Lagos, integrou a lista de opositores da ditadura comandada pelo general Augusto Pinochet (1973-1990) que deveriam ser assassinados por agentes do serviço de inteligência em meados da década de 80. Segundo revelou ontem o jornal chileno ¿Diario Siete¿, os ex-agentes da Central Nacional de Inteligência (CNI) do país Iván Quiroz e Jorge Vargas confessaram que Lagos era um dos opositores que deveriam ter desaparecido após um frustrado atentado contra Pinochet, ocorrido em 7 de setembro de 1986.
Prisão por carabineiros teria poupado Lagos
A informação veio à tona em meio às investigações sobre a morte do jornalista José Carrasco, seqüestrado e assassinado um dia após o atentado contra o ex-ditador, por agentes da Unidade Antiterrorista da CNI, agência que coordenou as ações da ditadura. Segundo admitiu o próprio presidente, sua sorte foi ter sido detido por carabineiros (policiais), horas após o atentado.
¿ Lamento que carabineiros não tenham chegado a tempo de prender José Carrasco, porque se isso tivesse acontecido ele estaria vivo ¿ disse Lagos.
Os ex-agentes da CNI asseguraram que essa detenção salvou a vida do presidente ¿pois seu nome estava no rótulo de uma das pastas referentes aos dirigentes políticos que deveriam ser eliminados¿, disse o jornal. Segundo comentaram funcionários do governo, o presidente já havia falado sobre o assunto.
¿ Muitas vezes o presidente comentou que ficou surpreso quando os carabineiros chegaram a sua casa, entraram em seu quarto, quatro, cinco, com metralhadoras, e lhe disseram que por sorte eles tinham chegado primeiro ¿ declarou o ministro do Interior, Francisco Vidal.
No Uruguai, importante caso é arquivado
Enquanto o Chile avança na busca da verdade sobre os crimes da ditadura, outros países arquivam importantes investigações. Semana passada, o Tribunal de Apelações de Montevidéu encerrou o caso da morte da argentina Maria Claudia Irureta Goyena, nora do poeta Juan Gelman e mãe de sua neta Macarena, que após o assassinato de Maria Claudia foi entregue a um casal uruguaio. Nos últimos meses, foram realizadas escavações em quartéis uruguaios, onde poderia teria ter sido enterrado o corpo de Maria Claudia, vítima da Operação Condor, ação conjunta das ditaduras do Cone Sul. A decisão foi considerada inadmissível pela Argentina.
¿ O governo argentino garante a Macarena e a seu avô que vai recorrer aos organismos internacionais e acordos bilaterais de extradição ¿ disse o embaixador da Argentina no Uruguai, Hernán Patiño Meyer.