Título: BUSH QUER AÇÃO DA ONU SOBRE A SÍRIA
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Fonte: O Globo, 22/10/2005, O Mundo, p. 36

Nome de irmão do presidente Assad é retirado da versão final do relatório

BEIRUTE. A pressão sobre a Síria aumentou ontem, com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pedindo que o Conselho de Segurança da ONU convoque uma reunião para analisar o relatório que implica o governo sírio no assassinato do ex-premier do Líbano Rafik Hariri.

Hariri foi assassinado num atentado a bomba em Beirute, em 14 de fevereiro. Segundo o relatório dos investigadores da ONU, a explosão ¿não poderia ter acontecido sem a aprovação de funcionários de alto escalão da segurança síria e não poderia ter sido organizado sem a conivência de seus parceiros nas forças libanesas¿.

¿ O relatório é profundamente perturbador ¿ disse Bush.

Mais cedo, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, cobrara da comunidade internacional ações para que a Síria cooperasse no esclarecimento do assassinato:

¿ Não podemos ter o fantasma do aparato de um Estado participando ou envolvido no assassinato de um ex-premier.

A Síria nega as acusações e seu ministro da Informação, Mehdi Dajlalah, chamou o relatório de ¿parcial, politizado e distante da realidade.¿ Mas no Reino Unido, o ministro de Exterior, Jack Straw, disse que a ONU pode estudar sanções à Síria.

O relatório despertou ainda mais polêmica quando jornalistas constataram que os nomes de alguns suspeitos foram retirados da versão final. Entre eles, o de Maher Assad, irmão do presidente da Síria, Bashar Assad. Na primeira versão, uma testemunha diz que Maher Assad e o general Asef Shawkat, cunhado do presidente e chefe da inteligência, participaram do grupo de integrantes das seguranças síria e libanesa que decidiu matar Hariri. Na última versão, os nomes deles foram retirados deste trecho. Shawkat é mencionado em outras partes do relatório, enquanto Maher Assad não aparece uma única vez.

O investigador alemão Detlev Mehlis, responsável pelo relatório, afirmou que ele mesmo retirou os nomes quando foi informado que o documento seria divulgado. Mehlis disse que queria preservar os suspeitos. A ONU negou os rumores de que o secretário Kofi Annan tivesse influenciado na retirada.