Título: VARIG GANHA MAIS 16 DIAS PARA PAGAR LEASING
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 25/10/2005, Economia, p. 25

TAP quer investir US$500 milhões. Companhia brasileira e credores brigam em NY por reposição de peças

NOVA YORK. A Varig ganhou ontem, na Corte de Falências de Nova York, 16 dias para pagar a dívida de US$72 milhões com as empresas de leasing. Esse montante aumenta em US$1,2 milhão por dia. Se a assembléia de credores no Brasil não aprovar amanhã o plano do BNDES para a Varig, haverá uma nova audiência na Corte, imediatamente depois.

Uma carta com uma proposta da portuguesa TAP para comprar a VarigLog e a Varig Engenharia e Manutenção (VEM) era o trunfo que o presidente da Varig, Omar Carneiro da Cunha, tinha ontem para impressionar o juiz americano Roberto Drain e acalmar os credores durante seu testemunho na Corte de Nova York.

Pela proposta, a TAP se compromete a pagar US$62 milhões junto com o BNDES pelas duas subsidiárias da Varig, e, numa segunda etapa, investir mais US$500 milhões para ter até 20% do controle da própria companhia aérea brasileira.

Ao depor, o presidente da TAP, Fernando Pinto (que já foi o principal executivo da Varig), disse que tem um investidor interessado em injetar US$100 milhões na Varig. Ele informou que está negociando com outros três investidores. A TAP quer manter as duas companhias operando separadamente, mas com coordenação comum.

A Varig reconheceu aos advogados dos credores que a única proposta firme é a do fundo americano Matlin Patterson, que quer a VarigLog.

Depois de um longo e detalhado testemunho, Carneiro da Cunha saiu do tribunal antes de saber se o juiz manteria a liminar que dá à Varig até o dia 9 de novembro para pagar os US$72 milhões devidos pelo aluguel de 17 aeronaves.

Numa audiência na mesma Corte de Falências, em 11 de setembro, a Varig se comprometera a saldar a dívida até 20 de outubro, mas não pagou. Ontem, apresentou os novos planos.

¿ Com o investimento de US$62 milhões e mais US$50 milhões que temos a receber, poderemos saldar a dívida. Com o investimento de US$500 milhões, no ano que vem já sairíamos do vermelho ¿ disse o presidente da Varig.

A audiência, que começou às 11h (13h no horário de Brasília), teve também o testemunho do representante do BNDES, José Augusto Farinha.

Os advogados de Boeing, Central e Ansett acusaram a Varig de não cumprir os acordos e destruir os aviões alugados, ¿canibalizando-os¿. O advogado da Varig e Carneiro da Cunha disseram que a empresa brasileira tem certificado de excelência. A prática de usar peças de um avião em outro é comum, mas, segundo os credores, a Varig demora demais a repô-las e compra itens de qualidade inferior.