Título: ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS BATE RECORDE
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 26/10/2005, Economia, p. 24

Receita recolheu R$37,9 bi em setembro, 1,7% a mais que em 2004

BRASÍLIA. A sociedade brasileira pagou nada menos que R$37,99 bilhões em impostos e contribuições federais, incluindo as previdenciárias, em setembro. Esse valor representa aumento real (descontada a inflação) de 1,71% sobre o mesmo período em 2004 e é um recorde histórico para meses de setembro. No acumulado do ano, a arrecadação também é a maior da história para o período: R$345,752 bilhões, um crescimento real de 5,69% em relação aos nove primeiros meses de 2004.

Apesar dos números recordes, o secretário-adjunto da Receita Federal do Brasil, Ricardo Pinheiro, disse que o resultado é normal e que há pouco espaço hoje para o governo corrigir a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física. Mas só a arrecadação do Imposto de Renda Retido da Fonte sobre rendimentos do trabalho já soma R$24,8 bilhões em 2005. Ou seja, alta de 5,47% no ano.

Pinheiro disse que o fato de o governo estar conseguindo aumentar a arrecadação do IR este ano não significa que esse resultado venha a se repetir em 2006. Ele também criticou os defensores de ajustes na tabela da pessoa física pela inflação:

- Correção monetária da tabela é papo de viúva da inflação.

Secretário: governo não tem como reduzir carga

Segundo Pinheiro, o governo não tem como atender a todas as demandas da sociedade para reduzir a carga tributária. E lembrou que a Receita ainda está trabalhando para aprovar no Congresso a desoneração tributária do setor produtivo, por meio de iniciativas como a MP do Bem. Ele alegou que a renúncia inicial de R$3,3 bilhões dessas medidas já chegou a R$6,6 bilhões com as emendas parlamentares.

- A capacidade de renúncia do governo nunca será suficiente para atender a todas as demandas - disse.

Entre os tributos que contribuíram para o aumento da arrecadação em setembro estão o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL). Graças ao aquecimento dos setores de combustíveis, telecomunicações, seguros e previdência privada e extração de minerais metálicos, a arrecadação do IRPJ ficou 23,89% acima da registrada em setembro de 2004 e a da CSLL, 25,47%.

www.oglobo.com.br/especiais/impostos

Inclui quadro: "A mordida do Leão" [comparação da arrecadação da Receita Federal do Brasil em setembro de 2004 e setembro de 2005]