Título: PT parte para o ataque a PSDB e PFL
Autor: Ricardo Galhardo/Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 28/10/2005, O País, p. 9

No programa petista veiculado ontem na televisão, críticas a tucanos e comparação com FH

SÃO PAULO e BRASÍLIA. O PT deve ampliar a ofensiva contra o PSDB e o PFL. Novas estratégias serão discutidas hoje na primeira reunião da nova comissão executiva do partido, eleita sábado.

- A proposta de ofensiva é uma discussão muito forte dentro do PT e nós precisamos definir a posição do partido - disse o presidente do PT, Ricardo Berzoini.

A intensificação da ofensiva pôde ser vista no programa de rádio e TV veiculado ontem à noite. O PT atacou os tucanos e comparou números positivos do governo Lula com os de Fernando Henrique Cardoso.

- Não vamos nos iludir com muitos daqueles que nos atacam. Se o objetivo fosse mesmo combater a corrupção, teriam feito isso em seu próprio governo - disse o ex-presidente do PT Tarso Genro, que citou o esforço dos tucanos para evitar as CPIs da compra de votos para a reeleição e das privatizações. - Eles querem voltar ao poder e por isso investem no quanto pior melhor.

A crise política é tratada de maneira transversa.

- Membros do PT cometeram erros, é verdade. Mas estamos investigando com rigor as denúncias para punir os culpados - disse Tarso.

A direção petista recusou três vezes a proposta das correntes de esquerda de investigar os acusados na comissão de ética do partido. Uma comissão de sindicância foi criada em julho, já recolheu informações, mas até hoje não apresentou resultados.

Planalto não contesta decisão de ofensiva petista

A ofensiva, aprovada pela executiva e pelo diretório nacional do PT, não foi contestada pelo Planalto. A avaliação é que a oposição esgotou a munição e entrou no foco das denúncias.

- Não existe dúvida de que o PSDB é nosso maior adversário nacional e nos estados. Eles estão com o olhar em 2006 - disse o secretário nacional de Mobilização, Francisco Campos.

Berzoini disse que decidiu anteontem com Lula o início de uma série de conversas com os ministros para fazer um balanço e, principalmente, de um programa para 2006. Até o fim do mês, o partido deve mapear a situação nos estados para decidir alianças e candidaturas.

Berzoini acusou o governo Fernando Henrique de ter sido um "bajulador dos Estados Unidos" e disse que a oposição teme comparar governos tucanos com o petista.

- Estamos cobrando a responsabilidade de quem errou, mas não perdemos de vista que o que está em jogo é a disputa político-eleitoral. Querem passar a idéia de que o PT é corrupto. E não há uma prova sequer de corrupção sistêmica em nosso governo. Eles governaram o Brasil por oito anos. Quebraram as contas públicas e agora querem voltar ao poder. Não querem discutir as realizações do governo Lula. Só a crise - disse Berzoini, em discurso para cerca de 600 líderes sindicais.

O futuro presidente do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE), chegou a ligar para o senador Tião Viana (PT-AC).

- Soube que o programa do PT de hoje à noite vai ser todo contra o PSDB. Se é guerra, então vamos começar agora - disse Tasso, segundo informou Jorge Bastos Moreno em seu blog no Globo Online.