Título: CPI fará nova acareação sobre caso Daniel
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 28/10/2005, O País, p. 11

Senadores querem ouvir Sombra, Ronan e Klinger, acusados de envolvimento com corrupção em Santo André

BRASÍLIA. A CPI dos Bingos no Senado vai realizar mais uma acareação para tentar esclarecer o assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT) e a relação do crime com as denúncias de corrupção na prefeitura petista. Os senadores aprovaram a convocação de Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, ex-assessor do prefeito e que já esteve preso sob a acusação de ter sido o mandante do assassinato; do ex-secretário de Serviços Municipais Klinger Luiz de Oliveira Souza; e do empresário Ronan Maria Pinto, sócio de Sombra em empresas de ônibus.

Trio é acusado de comandar esquema de propina

Ronan, Klinger e Sombra são acusados de comandar um esquema de cobrança de propina na cidade.

A CPI vai chamar também a namorada de Celso Daniel, Ivone Santana, o deputado federal Jamil Murad (PCdoB-SP), que é médico e acompanhou a autópsia no corpo do prefeito, e o deputado federal cassado André Luiz (RJ), que diz ter revelações a fazer sobre o caso.

Falta decidir se vão participar da acareação os bandidos presos por participação no crime. O requerimento aprovado ontem inclui os nomes de sete integrantes da quadrilha presa por seqüestrar e matar Celso Daniel, com sete tiros, em janeiro de 2002.

Se depender do presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB), a acareação reunirá apenas Sombra, Klinger e Ronan:

- Se botarmos todos de uma vez, não vamos ter um rendimento satisfatório.

Para relator, é preciso ouvir todos os convocados

O relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), porém, disse que todos os convocados têm de ser ouvidos. Uma opção seria promover uma acareação apenas com o trio e, em outro momento, ouvir os demais.

A CPI também pretende ouvir o advogado e consultor Afrânio de Melo Franco Nabuco, que trabalhou para a Gtech e intermediou um encontro da diretoria da empresa com o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso.

Ontem, Mattoso e dois ex-presidentes da Caixa - Sérgio Cutolo e Emílio Carazzai - prestaram depoimento. O objetivo era esclarecer a contratação da Gtech para operar o sistema de loterias. A multinacional não venceu a licitação concluída em 1997, mas comprou a empresa ganhadora e passou a trabalhar para a Caixa. Depois disso, recorreu à Justiça para impedir novas licitações. A renovação de seu contrato no primeiro ano do governo Lula, em abril de 2003, no valor de R$650 milhões, é cercada de denúncias de pedidos de propina.