Título: BC ACENA COM NOVOS CORTES DE JUROS
Autor: Luciana Rodrigues
Fonte: O Globo, 28/10/2005, Economia, p. 24

Após a queda de setembro, taxas no comércio subiram

BRASÍLIA. O Banco Central (BC) indicou na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que continuará a cortar a taxa básica de juros, a Selic, nos próximos dois meses. O BC acredita que as pressões inflacionárias são de curto prazo, motivadas pelo reajuste dos combustíveis, e não desviam as projeções do IPCA das metas estabelecidas para 2005 (5,1%) e 2006 (4,5%). O corte, no entanto, não impediu que o comércio subisse fortemente o custo dos empréstimos em setembro.

Um relatório do BC aponta que os juros ao consumidor no financiamento de bens duráveis, como eletrodomésticos e móveis, tiveram alta de 6,2 pontos percentuais naquele mês, na comparação com o anterior, chegando a 59,9% ao ano. Os juros médios das operações de crédito, que aumentaram 0,4 ponto percentual, ficaram em 49,5% ao ano.

- Boa parte das instituições (financeiras) não repassou a queda no custo da captação. Eles aumentaram suas margens - afirmou o chefe do Departamento do BC, Altamir Lopes.

Mas para o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos em Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, a elevação dos juros no comércio deveu-se ao aumento da inadimplência.

A ata do Copom divulgada ontem reforça a expectativa dos analistas de mercado de que a Selic acabará 2005 fixada em 18% ao ano, o que pressupõe cortes de 0,5 ponto em novembro e em dezembro.

Pelas projeções do BC, o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de riquezas geradas no país) deverá apresentar expansão de 3,4% este ano.