Título: CPI IDENTIFICA 62 TELEFONEMAS ENTRE VALÉRIO E BANCO CENTRAL
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 29/10/2005, O País, p. 9
BRASÍLIA. A CPI dos Correios identificou pela quebra de sigilo telefônico da SMP&B e da Tolentino & Melo Assessoria Empresarial uma intensa troca de telefonemas do empresário Marcos Valério de Souza com a Diretoria de Fiscalização do Banco Central. Pelo menos duas ligações foram direcionadas para a representação da presidência e da diretoria do BC em São Paulo. Foram registrados 28 telefonemas da SMP&B para o Banco Central e 34 do BC para agência de Valério entre agosto de 2003 e junho de 2005.
O primeiro contato partiu do BC. Em 7 de agosto de 2003 está registrada uma chamada do banco para a SMP&B em Belo Horizonte. Nas 34 ligações do BC para a agência foram consumidos 48 minutos. Nos 28 telefonemas dados da SMP&B para o BC foram gastos 49 minutos. Da Tolentino foram realizadas pelo menos quatro ligações para o BC, sendo duas para a Diretoria de Fiscalização e as demais para a representação da presidência do BC em São Paulo no dia 30 de novembro de 2004.
Em seus depoimentos à CPI e à Polícia Federal, Valério admitiu ter mantido um contato estreito com o BC. Seu objetivo era recolher informações sobre a liqüidação do Banco Mercantil de Pernambuco. O empresário teria, inclusive, acompanhado diretores do Banco Rural em visitas ao BC, tendo em vista o interesse da instituição em assumir o controle do Banco Mercantil.
A presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, confirmou na CPI e no Conselho de Ética da Câmara que Valério atuava como um facilitador de encontros entre diretores do banco e integrantes do PT e do governo.
Procurada pelo GLOBO, a assessoria do Banco Central alegou não ter conhecimento das ligações.