Título: PFL ESTUDA PROCESSAR O PRESIDENTE
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Fonte: O Globo, 29/10/2005, O País, p. 9

Partido diz que Lula cometeu crime eleitoral na campanha

BRASÍLIA. O líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), anunciou ontem que o partido deverá entrar com uma queixa-crime contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agripino disse que a executiva deve representar contra o presidente no Ministério Público federal, porque ele teria cometido crime eleitoral. Para o partido, está comprovado que a campanha do petista à Presidência da República foi financiada com recursos ilegais, de caixa dois, repassados pelo publicitário Marcos Valério Fernandes.

Para José Agripino, a acareação de anteontem entre Valério, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e a diretora da SMP&B Simone Vasconcelos teria reforçado ainda mais as evidências de que a campanha de Lula foi abastecida com dinheiro não declarado à Justiça Eleitoral.

¿ Esse dinheiro de origem duvidosa pagou a conta da campanha do presidente Lula. Talvez com uso de tráfico de influência, talvez com dinheiro de favores feitos em órgãos públicos ¿ disse José Agripino.

Agripino: candidato é responsável pela campanha

O líder do PFL consulta a executiva nacional na próxima semana, quando deverá decidir sobre o protocolo da representação. Durante a acareação, Valdemar admitiu que utilizou recursos repassados por Valério para pagar despesas do segundo turno da campanha presidencial. Valério disse que repassou ao PL R$10,8 milhões.

Para José Agripino, o candidato é o responsável por sua campanha, e não o tesoureiro. O partido alegará na ação no Ministério Público federal que Lula infringiu o artigo 350 do Código Eleitoral, que trata de omissão de declaração em documentos eleitorais. A pena prevista é de até cinco anos de prisão, além de pagamento de multa.

A relação entre pefelistas e petistas se deteriorou após o episódio em que militantes do PT espalharam por Brasília cartazes nos quais aparece uma fotomontagem do presidente do PFL, Jorge Bornhausen, vestido de nazista. Avel Alencar, diretor do Sindicato dos Profissionais de Processamento de Dados do Distrito Federal, assumiu a responsabilidade pela confecção de três mil cartazes com a fotomontagem. O sindicalista, filiado ao PT desde 1993, disse que pagou os serviços de gráfica com um cheque de sua própria conta, no valor de R$1.060.

Para o PFL, a iniciativa não foi da militância do PT, mas do comando do partido. O presidente do PT, Ricardo Berzoini, negou participação da direção no episódio.