Título: ALCA ATRAPALHA CÚPULA DAS AMÉRICAS
Autor: Monica Tavares
Fonte: O Globo, 29/10/2005, Economia, p. 33
Chávez usa expressão chula
BUENOS AIRES, BRASÍLIA e CARACAS. A fracassada negociação para avançar na criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) voltou à cena, desta vez no âmbito das discussões para elaborar a declaração final que será assinada pelos 34 presidentes que participarão da Cúpula das Américas. O encontro será realizado nos dias 4 e 5 de novembro, no balneário argentino de Mar del Plata.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse ontem que irá a Mar del Plata ¿para ter a oportunidade de mandar a Alca para o caralho¿, segundo agências internacionais:
¿ Estaremos em Mar del Plata para dizer: Ao caralho com a Alca.
Bravatas à parte, uma semana antes da reunião presidencial, interlocutores do governo americano e do Mercosul reconheceram que a elaboração de um parágrafo sobre a Alca, que será parte da declaração final, provocou intensos debates entre os 34 países e ameaça bloquear as negociações preparatórias para o encontro.
Importantes funcionários do governo americano, como o secretário de Comércio, Carlos Gutiérrez, defenderam a necessidade de dar impulso às negociações para a criação da Alca. No entanto, segundo afirmaram ao GLOBO representantes do governo brasileiro, ¿a retórica americana é enganosa, porque na hora de sentar-se à mesa para discutir, continuam negando-se a ceder em aspectos fundamentais como a eliminação dos subsídios agrícolas e medidas antidumping¿.
¿ Os americanos querem criar uma imagem de defensores do livre comércio, mas trata-se de uma jogada de marketing ¿ disse um importante negociador brasileiro.
Brasil vai defender o fim dos subsídios agrícolas
Os países do Mercosul exigem que qualquer declaração em relação à Alca seja vinculada ao resultado das negociações na Rodada de Doha, demanda que segundo negociadores do bloco, os EUA rechaçam enfaticamente. A forma como a Alca será citada na declaração de Mar del Plata ainda está sendo negociada entre os países. O Brasil terá preocupação em ressaltar a importância da liberalização do comércio e do fim de subsídios agrícolas para ajudar a promover o crescimento econômico e combater a desigualdade.
(*)Correspondente