Título: LÍDER DO IRÃ REITERA QUE QUER DESTRUIR ISRAEL
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Fonte: O Globo, 29/10/2005, O Mundo, p. 38

Iranianos protestam em várias cidades contra o Estado judeu. Diplomatas tentam conter repercussão do caso

TEERÃ. Em meio ao furor internacional causado por seu apelo à destruição de Israel, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, reforçou ontem seu explosivo discurso contra o Estado judeu, enquanto diplomatas iranianos procuravam diminuir o estrago causado na imagem do país.

Liderando a maior de várias manifestações anti-Israel realizadas ontem no Irã ¿ onde se celebrou o Dia de Jerusalém ¿ Ahmadinejad se dirigiu a dezenas de milhares de pessoas em Teerã, minimizando a reação do resto do mundo a seu apelo genocida.

¿ Minhas palavras são as palavras da nação iraniana ¿ disse ele, um ex-membro da Guarda Revolucionária eleito presidente com forte apoio conservador. ¿ Os ocidentais podem reclamar, mas suas reações são inválidas.

Israel quer reunião de Conselho de Segurança

Gritando palavras de ordem como ¿Morte a Israel¿ e ¿Morte aos Estados Unidos¿, os manifestantes queimaram bandeiras israelenses e americanas no protesto, que contou com a presença da maior parte da cúpula do regime. O chanceler Manouchehr Mottaki defendeu os comentários do presidente, alegando que eram uma reiteração da política de Teerã de não reconhecer Israel.

No entanto, no exterior diplomatas iranianos trataram de tentar apagar o incêndio internacional que Ahmadinejad desencadeou. Em Moscou, a embaixada iraniana ¿ tradicional porta-voz de Teerã para comentar assuntos importantes ¿ disse num comunicado que o presidente ¿não teve qualquer intenção de falar em termos tão incisivos e entrar num conflito¿. A representação diplomática concluiu, procurando desviar o foco da questão: ¿Está absolutamente claro que em suas observações, o presidente ressaltou a posição básica do Irã, baseada na necessidade de realização de eleições livres nos territórios ocupados.¿

A explicação, porém, não aplacou a indignada reação internacional. Israel anunciou que vai pedir a realização de uma sessão de emergência do Conselho de Segurança da ONU. O país quer a expulsão do Irã da organização. Nos Estados Unidos, o presidente George W. Bush não comentou especificamente as declarações de Ahmadinejad, mas classificou o Irã de ¿regime fora-da-lei¿ que patrocina o terrorismo. Bush voltou à carga sobre o programa nuclear iraniano, que Teerã garante ser para uso pacífico e Washington acusa de ter objetivos militares.

¿ Homens malignos que querem usar armas horrendas contra nós estão trabalhando a sério para obtê-las. E estamos trabalhando com urgência para manter essas armas de destruição em massa fora das mãos desses fanáticos ¿ disse ele.

A França anunciou que vai procurar a Alemanha e a Grã-Bretanha ¿ os três formam a trinca que negocia com Teerã sobre o programa nuclear iraniano ¿ para decidir como será a reação.

Na Rússia, um dos maiores aliados do Irã, analistas e a imprensa indicaram que o ataque verbal de Ahmadinejad a Israel enfraqueceu a determinação de Moscou de proteger Teerã no Conselho de Segurança. Ontem, Venezuela, Argentina, Uruguai, Chile, Turquia e Vaticano se juntaram às críticas ao Irã. Para a Santa Sé, as declarações de Ahmadinejad são inaceitáveis.